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Análise das respostas brasileiras no Gender Census 2024 sobre linguagem pessoal - Aster - 16-05-2025 Para quem não sabe, Gender Census é uma pesquisa anual feita na língua inglesa que tenta medir quais são os termos usados como identificações por pessoas fora do binário de gênero. Isso inclui títulos, pronomes (que podem ser chamados adequadamente de pronomes por conta de ser na língua inglesa), identidades de gênero e termos relacionados (como trans, que é modalidade de gênero, ou enby, que é só uma forma substantivada de não-binárie derivada das letras NB). Aqui estão os resultados de 2024, os quais são os únicos que usei nesta análise. Para contextualizar os dados a seguir, na pesquisa de 2024, as informações sobre pronomes são disponibilizadas em caixas separadas, sendo que é possível marcar quantas caixas quiser. Depois disso, é possível preencher as formas completas dos conjuntos que não eram opções prontas; acho que o limite é uns 20 conjuntos personalizados, pelo que indicam os números da planilha. Estas são as caixas disponíveis:
Das quase 50 mil pessoas que responderam, 321 marcaram que são do Brasil. Os dados a seguir são relacionados a tais 321 linhas. 18 pessoas marcaram que estão questionando seus pronomes, o que indica que apenas por volta de 5,6% das pessoas estão incertas sobre suas respostas acerca do assunto. Há bastante variação entre que pronomes as pessoas que estão questionando escolheram além desta opção, com they/them sendo mais popular (13 pessoas), sendo a única opção escolhida pela maioria das pessoas que estão questionando. Apenas 2 pessoas não marcaram nada além de questionando. 51 pessoas (15,9%) marcaram qualquer; que não possuem preferência, que tanto faz o pronome. Mesmo assim, só 3 pessoas das 51 decidiram marcar todas as outras caixas prontas de pronomes, enquanto outras 12 pessoas optaram por só marcar a caixa afirmando que aceitam qualquer pronome. Isso significa que a maioria das 51 pessoas ainda possui alguma preferência por certos pronomes, e, por conta disso, não vou excluir essas 51 pessoas das 321 para o resto das perguntas. Na pesquisa geral, 14,9% das pessoas marcaram que aceitam qualquer pronome. Aliás, 70 pessoas (21,8%) marcaram que querem que o uso de pronomes seja evitado completamente, mas apenas 2 optaram por só marcar isso como opção, sendo que uma dessas pessoas também marcou que está questionando. Proporcionamente, o número é maior do que da pesquisa geral (13,9%). Apenas 89 pessoas não marcaram que aceitariam os pronomes they/them. Acho que isso é relevante pelo quão comum é que as pessoas em espaços lusófonos rejeitem neopronomes ou até mesmo -/-/-, que seria o jeito de ter um "tratamento neutro" dentro da língua padrão. Isso significa que 72,3% das pessoas do Brasil que responderam aceitam they/them, uma proporção grande mas um pouco menor do que a da pesquisa geral (75,5%). 160 pessoas marcaram que usam he/him (49,8%) e 133 marcaram que usam she/her (41,4%), o que são proporções maiores do que da pesquisa geral (42% e 36%, respectivamente). 70 pessoas marcaram ambos os pronomes. 79 pessoas marcaram que usam it/its (24,6%). É uma proporção maior do que a geral (20,3%). A escolha não embutida na gramática da língua inglesa mais popular na pesquisa geral é xe/xem, com 8,8% des respondentes marcando que usam tal conjunto. Entre as pessoas do Brasil, temos 20 pessoas que marcaram que aceitam tal conjunto (6,2%). 14 pessoas marcaram que usam ae/aer (4,4%); 16 pessoas marcaram que usam fae/faer (5%); 8 pessoas marcaram que usam ambos. Quanto aes respondentes gerais, 3,8% aceitam ae/aer e 6,2% aceitam fae/faer. 14 pessoas marcaram que usam ze/zir (4,4%) e 15 pessoas marcaram que usam ze/hir (4,7%). 8 pessoas marcaram que usam ambos. Na pesquisa geral, 5% das pessoas marcaram ze/zir e 3,2% marcaram ze/hir. 10 pessoas marcaram que usam e/em (3,1%); 17 marcaram que usam ey/em (5,3%); 6 marcaram ambos (lembrando que isso inclui as 3 pessoas que marcaram todas as caixas). E/em também é menos popular do que ey/em na pesquisa geral (onde 3,6% e 4,3% das pessoas marcaram tais pronomes, respectivamente). 19 pessoas (5,9%) marcaram que usam pronomes não listados nas caixas a serem marcadas. Não vou ficar listando todos, mas aqui estão alguns destaques:
Além de pensar isoladamente no Brasil, eu queria dar uma olhada rápida em outros países. Eu não queria pegar amostras muito pequenas, então não usei os dados de países como Uruguai, Peru, Chile ou Colômbia, ainda que sejam relativamente próximos geograficamente/culturalmente e existam pessoas de tais países que responderam à pesquisa. Também não escolhi países onde a língua inglesa é a mais usada: nas Filipinas e na Suécia, há taxas altas de entendimento da língua inglesa (64%, 89%), muito maiores do que em países como Brasil (5%), México (12,9%) ou até mesmo Portugal (27%), mas a língua inglesa não parece ser a primária para a maioria das pessoas. (Eu peguei tais dados sobre quantes têm domínio da língua inglesa da Wikipédia, que não é necessariamente confiável especialmente porque cada país vai ter um ano diferente ou até métodos diferentes de medir fluência, mas não acho que os dados exatos disso são tão importantes a ponto de precisarem ser exatos.) Enfim, o ponto é que escolhi Portugal (86 respostas), por ser o outro país de língua portuguesa que está na lista; Argentina (131 respostas), por ser o único país com fronteira com o Brasil que parece ter um bom número de respostas; México (158 respostas), por ser um país da América Latina com uma população grande; Espanha (266 respostas), pelas línguas espanholas serem similares à portuguesa e haver um bom número de respostas; Suécia (357 respostas), por ter um número de respostas próximo ao Brasil; e Filipinas (133 respostas), para ter alguma referência fora da Europa e das Américas ainda que tenha sido um país que foi colonizado pela Espanha (algo em comum com alguns dos países já listados). Em Portugal, 62 respondentes aceitam they/them (72,1%), 38 aceitam he/him (44,2%), 34 aceitam she/her (39,5%), 16 aceitam it/its (18,6%), 4 aceitam xe/xem (4,6%), 4 aceitam fae/faer, 4 aceitam ze/zir, 2 aceitam ey/em (2,3%), 2 aceitam ae/aer e 2 aceitam ze/hir. Ninguém respondeu que aceita e/em. 8 aceitam quaisquer pronomes (9,3%), e 5 dessas pessoas não marcaram nada além da caixa "qualquer". Apenas uma pessoa falou sobre estar questionando (1,2%), e tal pessoa não marcou nenhuma outra caixa. 14 pessoas (16,3%) falaram que preferem ser referidas apenas com o nome, mas todas essas pessoas aceitam ao menos they/them, e metade também aceita he/him. Entre as 8 pessoas (9,3%) que marcaram que usam conjuntos diferentes dos marcáveis, 3 pessoas diferentes usam ve/ver, mas com variações diferentes (onde os outros elementos são ver/vers/verself, vir/virs/verself e vis/vis/verself). 4 das respostas contém pronomes relacionados a substantivos, e as 7 respostas mencionadas são mutualmente exclusivas: a outra pessoa usa sie/hir/Hir/hirs/hirself. Na Argentina, 92 respondentes aceitam they/them (70,2%), 71 aceitam he/him (54,2%), 58 aceitam she/her (44,3%), 22 aceitam it/its (16,8%), 10 aceitam xe/xem (7,6%), 5 aceitam ze/zir (3,8%), 3 aceitam ze/hir (2,3%), 2 aceitam fae/faer (1,5%), 1 aceita ae/aer (0,8%). Ninguém marcou que aceita e/em ou ey/em. 22 respondentes (16,8%) marcaram que aceitam quaisquer pronomes, sendo que, entre tais pessoas, 9 não marcaram nenhuma outra caixa, 10 marcaram ao menos they/them, 9 marcaram ao menos she/her e 7 marcaram ao menos he/him. Sem contar it/its, que 4 dessas pessoas marcaram, o único outro pronome marcado especificamente por quem marcou que usa qualquer pronome é xe/xem (marcado por 1 pessoa). 7 pessoas marcaram que estão questionando pronomes (5,3%), mas todas elas marcaram pelo menos alguma caixa especificando um pronome. 28 respondentes (21,4%) marcaram que querem que pronomes sejam evitados, mas só 3 entre essas pessoas não marcaram nenhum outro pronome. Entre as 5 pessoas que falaram que usam pronomes não citados (3,8%), uma só usou um nome ao invés de pronome (sendo que a pessoa também marcou que aceita que pronomes sejam evitados) e 2 pessoas citaram pronomes substantivados. Há também duas versões distintas de ve/ver em respostas diferentes. No México, 118 respondentes (74,7%) aceitam they/them, 73 aceitam he/him (46,2%), 68 aceitam she/her (43%), 31 aceitam it/its (19,6%), 13 aceitam xe/xem (8,2%), 13 aceitam fae/faer, 8 aceitam ze/hir (5,1%), 8 aceitam ze/zir, 6 aceitam ae/aer (3,8%), 6 aceitam ey/em e 4 aceitam e/em (2,5%) (sendo que todas estas pessoas também aceitam ey/em). 42 pessoas marcaram que aceitam quaisquer pronomes (26,6%), sendo que só uma pessoa marcou todas as caixas feitas para pronomes específicos e 10 pessoas só marcaram "qualquer". 6 pessoas mencionaram estar questionando (3,8%). 38 pessoas marcaram uma preferência por evitar pronomes (24%), sendo que só 2 entre tais pessoas colocaram esta opção como a única. 11 pessoas marcaram que usam outros pronomes (7%). Nenhuma dessas pessoas forneceu algum conjunto personalizado idêntico a outro, embora uma pessoa tenha inserido ve/vir/vis/vis/virself. Variações de xe (/xim/xis/xis/ximself) e de ze (/zei/zeir/zeirs/zeiself) também aparecem, assim como um conjunto "misturado" (they/him/her/pers/oneself). Ao menos 3 conjuntos baseados em substantivos, mas tenho dúvidas sobre qual é a base de outros dois (stee/har/har/hars/harself e leti/leti/u/utiaal/letiself). Na Espanha, 209 pessoas marcaram que aceitam they/them (78,5%), 121 aceitam he/him (45,5%), 103 aceitam she/her (38,7%), 39 aceitam it/its (14,7%), 14 aceitam xe/xem (5,3%), 11 aceitam ey/em (4,1%), 10 aceitam fae/faer (3,8%), 9 aceitam ae/aer (3,4%), 9 aceitam ze/zir, 4 aceitam e/em (1,5%) (sendo que são todas pessoas que também aceitam ey/em) e 4 aceitam ze/hir. 49 pessoas marcaram que aceitam qualquer pronome (18,4%), sendo que 11 entre elas não marcaram outras caixas além dessa e ninguém marcou todas as outras caixas. 14 pessoas marcaram que estão questionando (5,3%). 58 marcaram que preferem que pronomes sejam evitados (21,8%), mas só uma dessas pessoas colocou apenas isso como preferência. 10 pessoas aceitam pronomes específicos que não foram listados ainda (3,8%). Ao menos 7 pessoas colocaram pronomes baseados em substantivos (contando aqui per/per/per/pers/perself e boo/boo/boos/boos/booself, mas não contando de/dim/dir/dirs/dirself, embora este conjunto talvez tenha sido baseado em algum substantivo). Os outros conjuntos foram shi/hir/hir/hirs/hirself e hy/hym/hys/hys/hymself. Na Suécia, 278 pessoas marcaram que aceitam they/them (77,9%), 138 aceitam he/him (38,7%), 126 aceitam she/her (35,3%), 53 aceitam it/its (14,8%), 25 aceitam xe/xem (7%), 20 aceitam ze/zir (5,6%), 18 aceitam fae/faer (5%), 16 aceitam ze/hir (4,5%), 15 aceitam ae/aer (4,2%), 14 aceitam e/em (3,9%) e 13 aceitam ey/em (3,6%). Notei que uma pessoa marcou todas estas opções fora she/her, e provavelmente por isso não marcou a opção "qualquer" também. 60 pessoas marcaram a opção qualquer (16,8%), sendo que ninguém marcou simultaneamente todos os outros pronomes, 19 pessoas não marcaram mais nenhuma forma de tratamento (apenas uma destas pessoas marcou outra caixa, a voltada a quem está questionando) e 4 pessoas marcaram só "qualquer" e a opção de evitar pronomes. 59 pessoas (16,5%) marcaram a opção de evitar pronomes ao todo, sendo que só uma pessoa marcou esta como sua única opção de tratamento. 18 pessoas marcaram que estão questionando (5%), sendo que ninguém deixou de marcar outras opções por conta disso. 19 pessoas marcaram que também aceitam outros pronomes (5,3%), sendo que uma pessoa falou sobre usar ??/??s como pronomes, uma não marcou a opção de ey/em nas caixas mas colocou aqui Ey/Em/Eir/Eirs/Emself como sua única opção personalizada, outra não marcou a opção já fornecida de he/him mas preencheu todos os elementos menos um nos campos personalizados, outra forneceu os pronomes suecos hen/hennen/hens/henns/till sig själv como resposta e outra colocou they plural (themselves) como resposta). 9 pessoas preencheram pronomes substantivados, incluindo per/pers, star/stars (2 pessoas), voi/void, mew/mews e fey/fem. Nas Filipinas, 96 pessoas marcaram que aceitam they/them (72,2%), 74 aceitam he/him (55,6%), 56 aceitam she/her (42,1%), 34 aceitam it/its (25,6%), 12 aceitam xe/xem (9%), 9 aceitam ze/zir (6,8%), 8 aceitam ae/aer (6%), 7 aceitam fae/faer (5,3%), 7 aceitam e/em - exatamente estas pessoas também são as únicas que marcaram ey/em - e 6 pessoas aceitam ze/hir (4,5%). 40 pessoas marcaram que aceitam quaisquer pronomes (30%), sendo que, entre tais pessoas, 10 marcaram esta opção e nenhuma outra. 15 pessoas marcaram que não querem que pronomes sejam utilizados (11,3%), sendo que ninguém marcou somente tal opção. Apenas 5 pessoas marcaram que estão questionando (3,8%). 17 pessoas marcaram que também aceitam outros pronomes (12,8%). 2 pessoas usam shi/hir, 2 usam sie/hir, o pronome ve aparece novamente em conjuntos diferentes (ve/vem, ve/vir, ve/vim). Ao menos 8 pessoas usam pronomes relacionados com substantivos. Também há o conjunto that/that/their/theirs/theirselves e o conjunto he/her/his/hers/themselves. Algumas observações a partir disso:
Basicamente, não existe uma comparação muito similar do Brasil com qualquer outro dos países da lista. Os números de pessoas usando os neopronomes disponibilizados são parecidos com os da Suécia, mesmo proporcionalmente, mas isso pode ser mais uma questão de haverem mais respondentes em ambos os países. Enquanto isso, os números de pessoas usando she/her, he/him, they/them e it/its parecem ser mais similares aos das Filipinas e de Portugal. Porém, uma coisa é certa: ao menos dentro de contextos anglófonos, há populações não-binárias confortáveis com neolinguagem, ainda que a maioria esteja também satisfeita com formas neutras embutidas na língua. Não é uma questão exclusiva de pessoas que vivem em territórios anglófonos, nas Américas ou na Europa. Estou aberte a observações e dúvidas! RE: Análise das respostas brasileiras no Gender Census 2024 sobre linguagem pessoal - tropiqueer - 18-05-2025 O primeiro senso que participei foi o de 2025 (embora eu tivesse entrado na ides acho que por volta de 2022/2023 e tomado contato com senso já) apenas porque eu fiquei meio relutante de usar formulários da google (entendo a questão estrutural, tho) mas eu achei interessante as conclusões a que tu chegaste pela análise dos resultados porque basicamente dialogam com a mesma impressão/sensação/reflexão que eu tive enquanto participava da pesquisa de 2025 (que cheguei a comentar por aqui inclusive), pensando nessas questões de em que medida estou confortável com o uso de they/them e em que medida consigo considerar que o uso de um "neutro padrão" possa assumir alguma significação política enquanto neopronome pra mim mesme (de fato, funciona contextualmente pra mim)... acho muito legal poder experienciar isso a partir da pesquisa e também acho legal quando as pessoas que não se sentem confortáveis com o uso de they/them expõem as suas motivações porque eu sempre cresço com isso tb. Tipo hoje em dia eu já me sinto empoderade o suficiente pra não aceitar mais she/her ou he/him em nenhum dos espaços que eu frequento (anglófonos ou lusófonos, afk ou online) apenas porque esse tipo de problematização tem sido feito de forma mais pública e acessível mesmo. E da mesma forma essa nuance de "they/them ser um neutro padrão" pra algumes oportuniza que outras pessoas se interessem pelo que tem sido discutido em torno dessa afirmação e se empoderem o suficiente pra passar a rejeitar seu uso, se assim quiserem. Acabei de checar que a Gender Census e a que participei (sobre xenogêneros) não são a mesma pesquisa, então nesse ponto eu retifico o que eu disse lol... :p maaas ainda vale o raciocínio de que é muito legal experienciar esse tipo de sentimento/questionamentos a partir de uma pesquisa, sobretudo quando elas são viabilizadas a partir de idiomas e realidades que podem definir formas totalmente diversas de percepção e experimentação da não-binaridade e/ou da xeninidade. RE: Análise das respostas brasileiras no Gender Census 2024 sobre linguagem pessoal - Aster - 19-05-2025 É, Gender Census não usa mais Google faz uns anos. Um adendo: Eu tinha esquecido de conferir os dados sobre o quanto pessoas aceitam neolinguagem de forma geral. Estes números não contam it/its como neolinguagem, e também não contam ninguém que marcou só que aceita quaisquer pronomes. Mas contam pessoas que marcaram quaisquer caixas entre e/em, ey/em, xe/xem, ae/aer, fae/faer, ze/hir, ze/zir ou "algum pronome não listado". É possível que isso conte respondentes que usaram a caixa de pronomes não listados para afirmar que usam they/them/their/theirs/themselves ao invés de they/them/their/theirs/themself, ou para listar algo dentro da gramática que já seria possível marcar, mas eu não espero que tantas pessoas se enganem ou façam questão de especificar "themselves" a ponto das estatísticas mudarem drasticamente.
Todos os países analisados estão com uma taxa mais baixa do que a média, o que indica que países anglófonos provavelmente estão mais confortáveis com neolinguagem. Novamente, a Argentina e a Espanha mostram uma similaridade maior entre suas comunidades, enquanto o México e as Filipinas demonstram um conforto maior com dissidências de linguagem. Portugal acaba por ter uma taxa maior de usuáries de neolinguagem em comparação com o Brasil, o que me surpreendeu visto que todes es portuguésies com quem falei lamentam o quanto neolinguagem é menos usada em seu país em comparação com o Brasil, e visto que o único material que já vi sobre neolinguagem sendo divulgado em site (ou sítio :P) português era baseado fortemente num guia brasileiro. Dito isso, é possível perceber que a comunidade é bem menor, e não me surpreendo se houver uma taxa maior de pessoas que aceitam neolinguagem que só se enturmam em espaços anglófonos por conta disso. Agora, 19% não é uma taxa insignificante, ainda mais com o tamanho da amostra. Sei que a pesquisa vai acabar pesando mais para um lado de pessoas que frequentam espaços online (onde a pesquisa é divulgada) e que são familiarizadas com a língua inglesa, mas é um potencial bem significativo para a neolinguagem na língua portuguesa, visto que são pessoas que não fazem questão de usar só "um pronome neutro padrão" mesmo quando essa é uma opção comum e válida. |