cissexismo - Versão de Impressão +- Orientando (https://forum.orientando.org) +-- Fórum: Assuntos LGBTQIAPN+ (https://forum.orientando.org/forum-7.html) +--- Fórum: Opressões (https://forum.orientando.org/forum-14.html) +--- Tópico: cissexismo (/thread-84.html) Páginas:
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cissexismo - QueerNeko - 19-07-2017 @human Eu entendo o ponto, mas ainda sim, acho que não dá pra colocar muito enfoque em evidência anedótica. A minha experiência, e de outras pessoas trans que eu pessoalmente conheço é bem contrária a sua, muitas pessoas trans (incluindo pessoas não-binárias) sofrem de disforia social, corporal, etc, e não conseguiriam viver em paz se fossem obrigades a viver como seu gênero designado. E acho que não dá pra considerar muito essa história de escolher ser homem se fossem forçades a escolher. Até porque isso soa como se escolheriam qualquer outra coisa caso contrário, o que né, é o que seria o ideal pra todo mundo. Além de que, existem muitos motivos pra escolherem "homem" além de "privilégio", como ter terapia hormonal que pode aliviar disforia, não aguentar mais ser viste como mulher, etc. Nunca vi alguém transicionar por querer privilégio. cissexismo - Human@ - 21-07-2017 Olha, é bem comum, teve uma todo um rebuliço dentro das comunidades lésbica e feminista pq mulheres cis bofinhas queriam transicionar só pra ter o tal do privilégio hetero e masculino. Não são bem anedotas, muitas pessoas que transicionaram porque queriam menos opressão e depois de-transicionaram levaram destaque dentro do movimento radfem. Tipo aqui: https://m.youtube.com/watch?v=axo8OVUQ3rM Ou aqui : https://m.youtube.com/watch?v=vyYt1MjzyHs Mas voltando ao assunto das mulheres trans que viveram a vida inteira no armário , vc pode pesquisar os depoimentos da laerte, a cartunista , da Leticia lanz, escritora e psicóloga de 90 e tantos anos que saiu do armário bem recentemente, da caitlyn Jenner, desta outra senhora aqui : http://www.superpride.com.br/2017/03/aos-90-anos-veterano-da-segunda-guerra-se-assume-transexual-e-muda-de-vida.html ou até mesmo da Maria luiza da silva que tão fazendo um filme sobre ela nacional. cissexismo - QueerNeko - 21-07-2017 @human Isso é exatamente o argumento de TERFs, essas pessoas que você citou que destransicionaram estão dizendo que preferem ou que são feministas radicais, e você deveria saber que o feminismo radical em geral é extremamente violento contra pessoas trans. Na minha opinião, é bem provável que essas pessoas não seriam homens mesmo, e que acabaram indo mais porque não viam outra alternativa, ou porque mudaram de opinião. Tome cuidado antes de sair repetindo essas teorias transfóbicas que adoram generalizar pessoas trans. Homens trans, que legitimamente são homens, não transicionam transicionam pra """ter mais privilégio""". E ninguém aqui disse que não existe pessoas trans que transicionam bem tarde na vida, mas você não pode falar que essas pessoas não sofreram disforia a vida toda antes de transicionar, ou que conseguiram viver confortavelmente esses anos todos. A Caitlyn Jenner em específico, disse que sofria disforia desde muito cedo: Citação:In a 20/20 interview with Diane Sawyer in April 2015, Jenner came out as a trans woman, saying that she had dealt with gender dysphoria since her youth and that, "for all intents and purposes, I'm a woman." E novamente, alguns exemplos não servem como generalização. Não é "bem comum" que homens trans transicionem por privilégio porque você citou alguns exemplos. Para dizer "muitas pessoas" tem que ser muito mais do que apenas duas pessoas. De acordo com um estudo de 2014 da Willians Institute, 46% dos homens trans e 42% das mulheres trans tentaram suicídio. De acordo com este estudo, antes da transição, a taxa de depressão em pessoas transmasculinas é de 13.6% e 24.9% para pessoas transfemininas antes da transição. Após a transição esta taxa baixa para 2.4% para pessoas transfemininas e 1.4% para pessoas transmasculinas, uma melhora de vida de cerca de 10x para cada grupo. A transição nesses casos serve para salvar vidas, não é algo é simplesmente pra "adquirir privilégio". No caso de pessoas não-binárias, Tath fez um estudo que recebeu 873 respostas. Nesse estudo, 90.1% das pessoas responderam que sofrem de algum tipo de disforia: https://www.dropbox.com/s/7ey2rx8yffl2dnz/image_2017-07-21_16-33-14.png?dl=0 E muitas pessoas responderam que sabem que são do gênero que são pela disforia que sofrem. Recomendo dar uma lida em estudos como estes ao invés de ficar repetindo argumentos anedotais: http://www.academia.edu/2236936/Trans_Mental_Health_Study_2012 https://www.cambridge.org/core/journals/psychological-medicine/article/sex-reassignment-outcomes-and-predictors-of-treatment-for-adolescent-and-adult-transsexuals/D000472406C5F6E1BD4E6A37BC7550A4 cissexismo - Human@ - 21-07-2017 Mas sim, mesmo que estas mulheres trans terem sofrido disforia a vida inteira, elas só saíram do armário na velhice. Mas mesmo assim, ainda tem a questão da "conveniência de sair do armário", a grande maioria delas já tinham vidas feitas como homens. E eu sei que não é o caso de todo mundo querer privilégio, mas sim, por mais que eu só encontrei duas referências em português , no exterior existem várias, e sim a maioria vem de pessoas que depois se filiaram ao feminismo radical . E eu sei que existem muitos transfobicos dentro do movimento radical mas o movimento radical não é transfobicos por natureza, ele é contra a existência de gêneros, não contra gente trans ou homens. E dando um exemplo da minha vida , eu quase nunca saio do armário pras pessoas pq : 1- não me importo com "viver uma vida cis", apesar de ser forçad@ 2- tenho medo da violência 3- a sociedade sempre vai me enxergar ou como mulher ou como homem , não dá pra mudar isto 4- tenho quase nenhuma razão pra transacionar legalmente ou medicamente E ainda me considero uma pessoa não-binária cissexismo - QueerNeko - 21-07-2017 Para você afirmar que feminismo radical não é transfóbico por natureza, você tem que afirmar que a maioria das grandes influências do feminismo radical não são transfóbicas. Isso significa que a base do feminismo radical não deve ser transfóbica. Por exemplo, olhando a lista de influências, você tem pessoas que aceitam pessoas trans, como Andrea Dworkin e Catharine MacKinnon, mas você tem autores influentes altamente transfóbicos, como Janice Raymond, Sheila Jeffreys, Germaine Greer, Julie Bindel, Robert Jensen e Valeria Solanas, publicando livros transfóbicos populares e influentes como The Transexual Empire e The Female Eunuch. Se essa é a base do feminismo radical, é difícil negar que o feminismo radical não tem um problema seríssimo de transfobia dentro do seu núcleo. Pra mim é a mesma coisa com cristãos, nem todos são transfóbicos ou homofóbicos, mas boa parte das maiores autoridades do cristianismo são, e isso acaba contando muito. Enfim: http://acoisatoda.com/2015/08/10/reflexoes-sobre-feminismo-radical-e-transfobia/ http://blogueirasnegras.org/2014/07/21/por-quais-mulheres-o-feminismo-radical-luta/ https://www.google.com.br/amp/www.naomekahlo.com/single-post/2014/11/17/Feminismo-e-Transfobia%3F_amp_%3Dtrue cissexismo - Human@ - 21-07-2017 Mesmo assim, ele não foi criado por pessoas transfobicas e sexistas e não diz nada contra pessoas trans e os homens, quem odeiam as pessoas trans e os homens são uma parcela que só sujam a reputação do movimento com intrigas. Aliás os criadores do movimento tem vergonha do rumo sexista e transfobico que ele tomou. Por mais que uma parcela do movimento odeie gente trans e homens, não significa que o movimento é contra esta gente... Estas pessoas transfobicas e sexistas usam o movimento como desculpa pra disfarçar a opinião de ódio delas. E tipo, a grande maioria dos movimentos sociais não são interseccionais, vc tem gente trans homofobica e gays transfobicos, por exemplo, dentro do movimento lgbt+. cissexismo - QueerNeko - 22-07-2017 @human Uh... Você leu o que eu postei? O meu argumento e prova foi justamente que os criadores do movimento são transfóbicos. Sheila Jeffreys, Germaine Greer, Janice Raymond, Julie Bindel, Robert Jensen e Valeria Solanas são pessoas influentes que criaram o movimento que conhecemos hoje. São pessoas que pregaram o extermínio de pessoas, que junto com grupos cristãos tentaram criar leis transfóbicas e é muito comum você encontrar casos onde se unem com cristãos para acabar com direitos de pessoas trans. E é irônico e triste ver o feminismo radical se unindo com o próprio patriarcado quando querem atacar o direito de pessoas trans. "Eu odeio o pecado, não o pecador", disse o cristão homofóbico e transfóbico. "Eu odeio gênero/transgenderismo, não pessoas trans" disse a feminista radical transfóbica. Se você tem alguma prova nova de que a maioria das pessoas mais influentes do movimento não são transfóbicos, porque você não posta. Caso contrário não vejo necessidade de ficar argumentando a sua retórica, já que não estamos discutindo pra ver quem ganha o debate. |