29-12-2016, 09:11 PM
(Esta mensagem foi modificada pela última vez em: 09-11-2020, 08:27 PM por Aster. Edited 1 time in total.)
As seguintes preocupações não são incomuns em comunidades não-binárias lusófonas, então não me surpreendo que tenham chegado a mim:
Há questões que variam de pessoa para pessoa, e existem certas opiniões que posso respeitar, embora não vá agir de acordo a elas. Nestes casos, peço para que, se isso for realmente importante para você, faça seu próprio site. Francamente, há muito trabalho a fazer no Orientando, então prefiro que não tenha que perder tempo fazendo um site alternativo com pequenas modificações que agradem mais os caprichos de outras pessoas.
Enfim, vamos às respostas.
- Por que andro e gine não estão listadas nas orientações?
- Por que não estão listados TODOS OS TERMOS POSSÍVEIS nas listas?
- O que é gay/"homossexual", afinal?
- O que é hétero, afinal?
- Por que a lista de orientações não é dividida entre sexualidades e romanticidades?
Há questões que variam de pessoa para pessoa, e existem certas opiniões que posso respeitar, embora não vá agir de acordo a elas. Nestes casos, peço para que, se isso for realmente importante para você, faça seu próprio site. Francamente, há muito trabalho a fazer no Orientando, então prefiro que não tenha que perder tempo fazendo um site alternativo com pequenas modificações que agradem mais os caprichos de outras pessoas.
Enfim, vamos às respostas.
- Andro e gine são orientações que muitas vezes são utilizadas como "atração por pênis" e "atração por vagina". De fato, esta foi a primeira descrição na qual esbarrei, possivelmente há mais de 5 anos atrás, e em português. E, quando comecei a participar de comunidades onde divulgam orientações e gêneros incomuns, existia um consenso geral de que andro/gine possuiam conotação cissexista, e de que ma(n)/woma(n) eram as opções não problemáticas.
Isto já está citado em diversas páginas de orientação.
Só que, como ma(n)/woma(n) são basicamente home(m)/mulhe®, pessoas que falam inglês acabam achando estas orientações estranhas, e recorrem a redefinir positivamente andro/gine, ou a criar alternativas como masc/fem (que aqui uso como tradução de min/fin) ou vir/femi. Não listo todas as opções porque a comunidade ainda não se decidiu, e não há porque ficar atualizando em tempo real quais termos as pessoas gostam ou não.
Agora, vejo que este desenvolvimento não aconteceu em comunidades lusófonas, o que leva listas a citarem andro e gine como orientações sem falar sobre conotações cissexistas nem nada. Isso também leva pessoas a não se preocuparem com alternativas. Portanto, quando houver tempo, modificarei as páginas e as descrições existentes de ma/woma para falar disso, e deixarei andro/gine como alternativas.
Edição: Não acho que atualmente haja a necessidade de ainda usar andro/gine. Leia este texto para explicações e alternativas.
- Meu foco no momento é qualidade, e não quantidade. Eu prefiro uma página bem feita explicando o que é demigênero ou gênero-fluido do que vinte variações destes termos com descrições superficiais fora de contexto a mais na lista de gêneros.
Sim, eu tenho variações listadas, e terei mais no futuro! Mas não vejo utilidade em falar superficialmente sobre termos que nunca vi ninguém utilizando, quando existem vários termos em uso que as pessoas nem entendem nada sobre (altegênero, gênero-estrela e gênero-fofo me vêm à mente).
Como já falei em outro tópico: se você vê que algum termo é bastante utilizado, ou se você usa ele, e quer vê-lo aqui, é só falar! Não estou fechade a adicionar mais gêneros, só estou fechade à cobrança de adicionar qualquer conteúdo que vejo pela frente, quando existem outras prioridades.
Em relação à adição de termos alternativos: não adicionarei termos alternativos que são só sugestões que nunca "pegaram", e que não me parecem interessantes. É muito mais fácil buscar visibilidade em relação a termos que a comunidade em geral prefere, ainda mais quando não há nada de errado com estes.
E se vocês querem uma lista crua, diversos lugares já a oferecem. Eu cito alguns aqui.
- Fora os casos mais óbvios (homem que sente atração somente por homens, ou mulher que sente atração somente por mulheres), gays podem:
- Sentir atração por pessoas que "se alinham" ao seu gênero, e vice-versa. Por exemplo, ume mulher agênero pode se dizer lésbique, e ume demimenino pode se dizer gay. Mas é também importante saber que nem todes es demimeninos e nem todes es mulheres agênero se sentirão desta forma! Algumas pessoas cujo gênero poderia ser considerado "alinhado" à primeira vista se sentem agrupadas injustamente com pessoas de gêneros bem diferentes caso as chamem de gays/lésbicas/homossexuais ao invés de mulhessexuais, homerromânticas e por aí vai.
- Sentir atração por pessoas do mesmo gênero, ou com o mesmo alinhamento de gênero, mesmo sendo não-binárias. Como uma pessoa caelgênero que sente atração somente por outras pessoas caelgênero.
Eu prefiro não utilizar o termo homossexual (e isso inclui derivados, como homossensual), porque... ah, vejam aqui. Existem alternativas também, como gay e lésbica.
- Já hétero é uma palavra mais binária: uma pessoa hétero é de um gênero binário, e sente atração somente por pessoas de outro gênero binário. Isso porque hétero é uma posição de poder: uma pessoa agênero namorando uma pessoa genderqueer, ou até mesmo uma pessoa binária, não vai ser considerada hétero, caso as pessoas em volta tenham ciência dos gêneros das pessoas envolvidas, ou caso as pessoas aparentem ser do mesmo gênero.
- Ok, eu vou falar de algo completamente pessoal aqui: eu detesto a palavra "sexualidade" para descrever orientações. Coloca um foco na orientação sexual enquanto a descreve como se fosse uma preferência sexual, e não uma condição para atração. Eu sei que não é isso o que significa, mas ainda me deixa um gosto amargo na boca.
E daí, temos um termo neutro para falar disso: orientação! Assim eu posso dizer que sou poli, aro, e demissexual, sem separar como se minha orientação romântica fosse totalmente separada da sexual, e sem ter pressão em definir orientação sensual e platônica; que eu sinto, mas não sinto necessidade em definir.
Dizer para as pessoas que existe platonicidade, alternatividade, sensualidade, sexualidade, romanticidade, esteticidade, etc. ao invés de dizer que existe uma orientação e que as pessoas podem separar se quiserem também dá a ideia de que as pessoas precisam utilizar o modelo de atração dividida, afinal estão declarando sua sexualidade ao detrimento de romanticidade, platonicidade e etc., e não sua orientação inteira!
Sim, é importante dizer que há a opção de pessoas variorientadas se descreverem de formas separadas, mas também é importante dizer que uma pessoa não é problemática por se dizer bi, assexual, gay ou panromântica sem "dar visibilidade" para orientações que nem consegue saber se sente ou não. Que nem consegue separar de um tipo de atração só.
Não há motivo também em separar orientações como se fossem coisas completamente diferentes. Uma pessoa birromântica que não é bissexual possui um lugar na comunidade bissexual, assim como uma lésbica, seja ela arromântica e/ou assexual possui um lugar na comunidade lésbica. Construindo uma página só para cada prefixo mostra que cada prefixo possui várias possibilidades, ao invés de agir como sexualidade fosse algo completamente diferente, o que aliena tanto pessoas de mesmo prefixo que não utilizam o sufixo -sexual (poliplatônicas, omnisensuais, etc.) quanto pessoas que vão direto só olhar a questão da sexualidade, sem ligar para os possíveis outros itens no menu.
Isso também evita páginas repetidas, já que as definições só mudam o tipo de atração, e as bandeiras alternativas raramente são utilizadas. E tem o bônus de não excluir a possibilidade de outros tipos de orientações surgirem!