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Dúvidas (várias)
#3
Bom, eu não sei se vou conseguir explicar de forma clara, mas vou tentar explicar:

1) Isso é bem fácil de acontecer, se levarmos em conta gêneros não-binários. Mesmo que seja uma pessoa monosexual (possui atração a apenas um gênero), uma pessoa pode ter atração por alguém de gênero parecido (uma mulher pode sentir atração por uma demimulher, por exemplo) ou até mesmo gêneros totalmente diferentes (uma pessoa agênero que sente atração por homens também).

E não só isso, mas a sociedade é extremamente cissexista, então a sociedade pode julgar uma pessoa e denominar um gênero a ela que não é o mesmo que a pessoa de fato é, por exemplo, uma mulher trans que possui atração por homens pode ser vista como um "homem gay", ou uma pessoa agênero pode ser vista como "mulher", podendo estar com um homem trans que a sociedade acha que é "mulher".

Claro que não se limita a somente essas combinações e as coisas não são tão simples quanto "se a sociedade vê como um casal gay ou não". Existe marginalização exclusiva a pessoas do espectro assexual ou multissexual por exemplo. Uma pessoa bi ou ace/aro pode ser vista como "infiel" ou "egoísta" por pessoas monossexuais (gays, heteros, etc) e podem por exemplo serem rejeitadas por isso num namoro. Sem contar que pode haver um "apagamento" dessas orientações, em prol da visibilidade de orientações allo-monosexuais.

2) Difícil de dizer, o que dá pra dizer é que só dá pra saber na prática, se você sente atração por algum gênero parecido ou não.

3) Bom, primeiro que disforia de gênero não é exclusivamente uma disforia com o próprio corpo. Envolve uma série de fatores, e alguns modelos tentam dividir a disforia de gênero em fatores sociais e corporais, mas basicamente, as pessoas trans não experienciam disforia da mesma maneira. Algumas pessoas podem se sentir confortáveis com o corpo, seja porque elas gostam de terem as características que possuem, mas podem se sentir desconfortáveis em como as pessoas tratam e chamam (disforia social).

por exemplo, uma pessoa agênero pode gostar de ter suas características físicas do jeito que são (que podem ser características mais ambíguas ou não), mas não gostar quando as pessoas chamam de "homem" ou de "mulher".

Outras pessoas podem se sentir empoderadas em abraçar suas características físicas e quebrar estigmas da sociedade, por exemplo, uma mulher trans pode se sentir bem em ter uma barba e ao mesmo tempo usar um vestido, não muito diferente de como as pessoas de tal gênero podem gostar de quebrar normas de gênero, como homens trans que gostam de usar maquiagem. São experiências pessoais que não tem como resumir a experiência de todas as pessoas trans em apenas "disforia corporal".

4) Isso é uma experiência extremamente pessoal, e pode variar bastante de pessoa pra pessoa. Cada pessoa pode ter um motivo diferente pra ter certeza que é agênero ou multigênero e muitas vezes é difícil de explicar ou justificar para uma pessoa que não possui uma experiência semelhante.

A pessoa pode se sentir desconfortável em ser chamada de algum gênero por exemplo, ou achar que não possui nenhuma vontade de se identificar com um gênero específico, ou pode por exemplo sentir vontade/necessidade de ter um corpo mais ambíguo, de usar roupas mais neutras, etc.

Já uma pessoa multigênero pode sentir que existem vontades ou sentimentos conflitantes, ou pode ter sentimentos variáveis, sentir que algumas horas possui vontade em ser mais próximo a tal gênero e em outras horas mais próximo a outro.

Essas são apenas alguns motivos que podem fazer que uma pessoa se sinta de tal gênero, e pode variar de pessoa pra pessoa, como eu disse anteriormente.

5)
6) Bom, é o que eu expliquei na primeira pergunta, pessoas bi podem sofrer marginalização e preconceito de pessoas monossexuais por estigmas que existem na sociedade. Pessoas bi podem ser abandonadas ou abusadas por parceires que acham que pessoas bi ou ace são pessoas infiéis, egoístas ou promíscuas. Sem contar as diversas vezes que essas orientações são apagadas dentro e fora do movimento LGBTQIAP+.

Sem contar que violência nem sempre acontece por causa de estranhos, é muito comum sofrer violência e abuso de parceires que acham que "bissexualidade é promiscuidade", como lésbicas que abusam mulheres bi porque ela "pode trair com um homem", etc.
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