29-01-2018, 06:53 PM
Olá, minha dúvida está relacionada ao meu gênero que, no momento, não consigo mais entender.
Quero contar um pouco sobre mim, e assim, quem sabe, alguém possa me orientar!
Vou contar um pouco da minha infância e adolescência para ficar mais claro. Acho que vai ficar bem longo ;(
Notei que por volta de setembro do ano passado (2017) comecei a prestar atenção e senti que me faltava alguma coisa. E eu não sabia o que era ou em que essa sensação estava relacionada. Imaginei que pudesse ser algo sobre a minha arte, porque já faz um tempo em que não consigo escrever minhas estórias e nem tenho conseguido desenhar livremente mais (culpa do meu perfeccionismo e, quem sabe, por conta dessa sensação de que me falta algo). Essa sensação continua me acompanhando desde então.
Um pouco sobre mim:
Nasci num corpo biologicamente feminino, digo dessa forma porque, no momento, não sei mais quem sou e onde pertenço.
Desde minha infância, eu sempre fui aquela "menina" que gostava de brincar de carrinho, lutinha, bonecos de ação e etc (embora, eu saiba, sim, que brinquedos, roupas ou cores não definam gênero algum, porém acho importante dizer).
- Com meus 4 anos de idade, eu disse ao meu pai que queria ter nascido menino para poder brincar de jogar bola, de lutinha e etc. Porque parecia mais divertido ser um menino do que uma menina que usava rosa. (Eu tinha esse pensamento nessa época);
- Com meus 4 quase 5 anos, tentei fazer xixi de pé, porque parecia mais legal. Eu estava numa creche e via as outras meninas e não me sentia encaixad porque elas gostavam de coisas que eu não;
- Com meus 5 anos quase 6, eu olhava para os meninos da minha sala e pensava "Como será que é ter um corpo de menino? Como será que é usar uma cueca? Como deve ser ter outro corpo e cabelo?;
- Com meus 7 anos, sonhei que tinha um pênis e eu gostei. Pensei se, no futuro, eu poderia ter um de verdade;
- Com meus 8 anos, uma vizinha minha disse, quando estávamos brincando na rua, que "aquela mulher lá" tem seios e um pênis e que isso não era coisa de Deus. O meu primeiro pensamento foi: "Que legal! É possível ter os dois?". Lembro também que eu gostava muito de uma professora minha, ao ponto de chorar pela falta dela. Mas, naquela época, eu só achei que só gostasse muito e nada mais;
- Não me lembro se aos meus 9 anos eu tenha pensado sobre algo do gênero, porém foi a época em que meu corpo começou a mudar;
- Com meus 10 ou 11 anos, lembro que fiquei olhando para o "corpo" de uma professora minha e eu achei que aquilo era errado, no sentido de que eu, uma "menina", olhar para uma outra pessoa do mesmo sexo. Lembro que me apaixonei por um garoto nesse mesmo ano;
- Com meus 12, comecei a questionar minha sexualidade. Eu gostava muito de uma cantora, e graças a ela, eu soube o que significava a palavra "bissexual". Nesse período, eu me via como bissexual com medo de ser lésbica. Nessa idade, eu notei que eu gostava muito de uma professora de inglês minha, e nesse momento eu já entendia o que significava esse meu "gostar";
- Com meus 13 anos, tive uma namoradinha. Mas, não foi grande coisa e só me trouxe confusão. Eu já tinha aceitado isso um pouquinho melhor;
- Com meus 14, me apaixonei de verdade por uma menina mais nova. E eu, só às vezes, tinha curiosidade de saber como era ter um pênis e tentava fazer "aquele volume" para matar a curiosidade. Eu achava legal;
- Com meus 15, eu já me via como lésbica (Embora, parecesse me faltar algo. Pensei que pudesse ser um pouco de preconceito da minha parte, então relevei). Me perguntaram, uma vez, o que me atrai nos meninos, e eu disse: "A roupa, o cabelo";
- Com 16, eu parecia mais tranquil com esse assunto. Me perguntava como era ter o corpo "masculino" e crescer com esse corpo. Tive coragem e cortei meu cabelo bem curtinho e os olhares alheios me deixam um pouco mal;
- Aí com meus 17, ano passado, eu me sentia incomplet com alguma coisa. Achei que era por conta das minhas roupas, então comprei algumas "masculinas", eu me sentia confortável até, porém um pouco envergonhad com o olhar das pessoas na rua. (Sei que não devo me importar com isso, mas isso me afeta um pouco até hoje). Essa vontade de saber como é ser um menino já foi diminuindo e eu não me perguntava mais tanto sobre esse assunto. E um detalhe importante: Sempre quis ter os seios maiores, via até videos para ver se existia uma forma de fazê-los aumentar. Minha genitália nunca me incomodou. Lembro que nessa época, eu achei no Instagram, fotos de umas pessoas trans (aparentemente, homens) e achei super bacana. Eu pensava que era uma escolha mudar o corpo, no sentido de "Não gosto mais desse corpo "feminino", vou mudar". (Desculpem por isso, achava que era simples assim). Quando eu soube o que era transexualidade, eu não pensei "Nossa, eu também sou!", na verdade, eu pensei "Hmm, que coisa. Deve ser difícil ser". Tempos depois, eu me perguntei "Será que sou e não sei direito?". Pesquisei em sites e em vídeos sobre, porém eu pensava que estava enganad. Eu tentava ignorar.
A sensação de estar incomplet continuava me perseguindo. Então foi no dia 1º de janeiro deste ano (2018), que eu pensei "Meu Deus, será mesmo que eu sou igual "a Ivana" da novela?!" E isso me deixou em pânico, porque lembrei de toda a minha infância e adolescência e em como eu, talvez, tenha características ou indícios para ser. Eu não deveria me sentir aliviad por saber que eu poderia ser um homem trans? Fui pesquisar mais uma vez sobre a transexualidade e a história de muito dos homens eram super parecidos com a minha. E como é se sentir homem? O que é ser homem? O que é ser mulher? O que é se sentir mulher?!
Foi aí que eu conheci esse site e me acalmei um pouco com os milhões de definições de gênero e de orientação sexual aqui! Fiquei mais calm.
Imaginei que ser Demigênero era o certo para mim, porém, alguns dias depois não me senti representad. Procurei por outras definições, ainda com a questão trans minha cabeça, e achei que eu pudesse ser Gênero-Fluido. Por um longo tempo ser desse gênero pareceu o certo, me dei até um nome para o meu eu "masculino", nomeei também o meu eu "mesclado" (feminino e masculino). Com a curiosidade ainda de saber se sou um trans reprimido, pintei barba e sobrancelha grossa em mim, escondi os seios, e fiz volume. Não vou mentir, achei estranho, curioso e bacana. Me perguntei: "Eu gostaria de me aparentar assim de verdade daqui 10 anos?", e eu acreditei que não. Continuo sem saber direito. O que é se incomodar com os seios? (Não curto muito usar sutiã, então fico me perguntando se pode estar relacionado). O que é querer mudar o corpo? Eu não deveria me sentir aliviad?
Nesse momento, eu não sei quem sou e o que sou e qual a minha orientação (Essa parte da orientação eu não estou tão preocupad). Estou sempre procurando por definições para ver se me encaixo em alguma, mas não. Também não consigo me entender como um alguém sem gênero ou parte de algum. Parece que estou vagando, porém ao mesmo tempo, tenho a impressão que se eu me esforçar um pouquinho eu possa descobrir mesmo a definição "perfeita".
Eu tenho uma melhor amiga que está me amparando com esses assuntos, com nomes, pronomes, me ouvindo e aconselhando! Ela está me tranquilizando muito, porém tenho entrado em desespero quando me dou conta de que não me achei ainda. E isso está atrapalhando meu dia a dia.
Procurei por algumas pessoas que entendessem um pouco do assunto, mas não resolveu muita coisa.
Também não tem nenhum profissional da área da psicologia/psiquiatria em gênero na minha cidade, e mesmo que tivesse, eu não teria dinheiro para pagar.
Atualmente, estou usando termos neutros para mim mesm, e quando digito, eu tiro a última letra das palavras.
O que eu devo fazer? E o que devo pensar? A questão trans não sai da minha cabeça, porém me ofendo quando me chamam de "Ele" (considerando a minha aparência), e ao mesmo tempo, acho que a palavra "trans" é muito "forte" para o que eu sou. E agora?
Conheço o canal da Hugo Nasck, Transdiário, MandyCandy, Ariel Modara, Canal das Bee, Adam Franco e alguns outros com o foco LGBT+.
Quero contar um pouco sobre mim, e assim, quem sabe, alguém possa me orientar!
Vou contar um pouco da minha infância e adolescência para ficar mais claro. Acho que vai ficar bem longo ;(
Notei que por volta de setembro do ano passado (2017) comecei a prestar atenção e senti que me faltava alguma coisa. E eu não sabia o que era ou em que essa sensação estava relacionada. Imaginei que pudesse ser algo sobre a minha arte, porque já faz um tempo em que não consigo escrever minhas estórias e nem tenho conseguido desenhar livremente mais (culpa do meu perfeccionismo e, quem sabe, por conta dessa sensação de que me falta algo). Essa sensação continua me acompanhando desde então.
Um pouco sobre mim:
Nasci num corpo biologicamente feminino, digo dessa forma porque, no momento, não sei mais quem sou e onde pertenço.
Desde minha infância, eu sempre fui aquela "menina" que gostava de brincar de carrinho, lutinha, bonecos de ação e etc (embora, eu saiba, sim, que brinquedos, roupas ou cores não definam gênero algum, porém acho importante dizer).
- Com meus 4 anos de idade, eu disse ao meu pai que queria ter nascido menino para poder brincar de jogar bola, de lutinha e etc. Porque parecia mais divertido ser um menino do que uma menina que usava rosa. (Eu tinha esse pensamento nessa época);
- Com meus 4 quase 5 anos, tentei fazer xixi de pé, porque parecia mais legal. Eu estava numa creche e via as outras meninas e não me sentia encaixad porque elas gostavam de coisas que eu não;
- Com meus 5 anos quase 6, eu olhava para os meninos da minha sala e pensava "Como será que é ter um corpo de menino? Como será que é usar uma cueca? Como deve ser ter outro corpo e cabelo?;
- Com meus 7 anos, sonhei que tinha um pênis e eu gostei. Pensei se, no futuro, eu poderia ter um de verdade;
- Com meus 8 anos, uma vizinha minha disse, quando estávamos brincando na rua, que "aquela mulher lá" tem seios e um pênis e que isso não era coisa de Deus. O meu primeiro pensamento foi: "Que legal! É possível ter os dois?". Lembro também que eu gostava muito de uma professora minha, ao ponto de chorar pela falta dela. Mas, naquela época, eu só achei que só gostasse muito e nada mais;
- Não me lembro se aos meus 9 anos eu tenha pensado sobre algo do gênero, porém foi a época em que meu corpo começou a mudar;
- Com meus 10 ou 11 anos, lembro que fiquei olhando para o "corpo" de uma professora minha e eu achei que aquilo era errado, no sentido de que eu, uma "menina", olhar para uma outra pessoa do mesmo sexo. Lembro que me apaixonei por um garoto nesse mesmo ano;
- Com meus 12, comecei a questionar minha sexualidade. Eu gostava muito de uma cantora, e graças a ela, eu soube o que significava a palavra "bissexual". Nesse período, eu me via como bissexual com medo de ser lésbica. Nessa idade, eu notei que eu gostava muito de uma professora de inglês minha, e nesse momento eu já entendia o que significava esse meu "gostar";
- Com meus 13 anos, tive uma namoradinha. Mas, não foi grande coisa e só me trouxe confusão. Eu já tinha aceitado isso um pouquinho melhor;
- Com meus 14, me apaixonei de verdade por uma menina mais nova. E eu, só às vezes, tinha curiosidade de saber como era ter um pênis e tentava fazer "aquele volume" para matar a curiosidade. Eu achava legal;
- Com meus 15, eu já me via como lésbica (Embora, parecesse me faltar algo. Pensei que pudesse ser um pouco de preconceito da minha parte, então relevei). Me perguntaram, uma vez, o que me atrai nos meninos, e eu disse: "A roupa, o cabelo";
- Com 16, eu parecia mais tranquil com esse assunto. Me perguntava como era ter o corpo "masculino" e crescer com esse corpo. Tive coragem e cortei meu cabelo bem curtinho e os olhares alheios me deixam um pouco mal;
- Aí com meus 17, ano passado, eu me sentia incomplet com alguma coisa. Achei que era por conta das minhas roupas, então comprei algumas "masculinas", eu me sentia confortável até, porém um pouco envergonhad com o olhar das pessoas na rua. (Sei que não devo me importar com isso, mas isso me afeta um pouco até hoje). Essa vontade de saber como é ser um menino já foi diminuindo e eu não me perguntava mais tanto sobre esse assunto. E um detalhe importante: Sempre quis ter os seios maiores, via até videos para ver se existia uma forma de fazê-los aumentar. Minha genitália nunca me incomodou. Lembro que nessa época, eu achei no Instagram, fotos de umas pessoas trans (aparentemente, homens) e achei super bacana. Eu pensava que era uma escolha mudar o corpo, no sentido de "Não gosto mais desse corpo "feminino", vou mudar". (Desculpem por isso, achava que era simples assim). Quando eu soube o que era transexualidade, eu não pensei "Nossa, eu também sou!", na verdade, eu pensei "Hmm, que coisa. Deve ser difícil ser". Tempos depois, eu me perguntei "Será que sou e não sei direito?". Pesquisei em sites e em vídeos sobre, porém eu pensava que estava enganad. Eu tentava ignorar.
A sensação de estar incomplet continuava me perseguindo. Então foi no dia 1º de janeiro deste ano (2018), que eu pensei "Meu Deus, será mesmo que eu sou igual "a Ivana" da novela?!" E isso me deixou em pânico, porque lembrei de toda a minha infância e adolescência e em como eu, talvez, tenha características ou indícios para ser. Eu não deveria me sentir aliviad por saber que eu poderia ser um homem trans? Fui pesquisar mais uma vez sobre a transexualidade e a história de muito dos homens eram super parecidos com a minha. E como é se sentir homem? O que é ser homem? O que é ser mulher? O que é se sentir mulher?!
Foi aí que eu conheci esse site e me acalmei um pouco com os milhões de definições de gênero e de orientação sexual aqui! Fiquei mais calm.
Imaginei que ser Demigênero era o certo para mim, porém, alguns dias depois não me senti representad. Procurei por outras definições, ainda com a questão trans minha cabeça, e achei que eu pudesse ser Gênero-Fluido. Por um longo tempo ser desse gênero pareceu o certo, me dei até um nome para o meu eu "masculino", nomeei também o meu eu "mesclado" (feminino e masculino). Com a curiosidade ainda de saber se sou um trans reprimido, pintei barba e sobrancelha grossa em mim, escondi os seios, e fiz volume. Não vou mentir, achei estranho, curioso e bacana. Me perguntei: "Eu gostaria de me aparentar assim de verdade daqui 10 anos?", e eu acreditei que não. Continuo sem saber direito. O que é se incomodar com os seios? (Não curto muito usar sutiã, então fico me perguntando se pode estar relacionado). O que é querer mudar o corpo? Eu não deveria me sentir aliviad?
Nesse momento, eu não sei quem sou e o que sou e qual a minha orientação (Essa parte da orientação eu não estou tão preocupad). Estou sempre procurando por definições para ver se me encaixo em alguma, mas não. Também não consigo me entender como um alguém sem gênero ou parte de algum. Parece que estou vagando, porém ao mesmo tempo, tenho a impressão que se eu me esforçar um pouquinho eu possa descobrir mesmo a definição "perfeita".
Eu tenho uma melhor amiga que está me amparando com esses assuntos, com nomes, pronomes, me ouvindo e aconselhando! Ela está me tranquilizando muito, porém tenho entrado em desespero quando me dou conta de que não me achei ainda. E isso está atrapalhando meu dia a dia.
Procurei por algumas pessoas que entendessem um pouco do assunto, mas não resolveu muita coisa.
Também não tem nenhum profissional da área da psicologia/psiquiatria em gênero na minha cidade, e mesmo que tivesse, eu não teria dinheiro para pagar.
Atualmente, estou usando termos neutros para mim mesm, e quando digito, eu tiro a última letra das palavras.
O que eu devo fazer? E o que devo pensar? A questão trans não sai da minha cabeça, porém me ofendo quando me chamam de "Ele" (considerando a minha aparência), e ao mesmo tempo, acho que a palavra "trans" é muito "forte" para o que eu sou. E agora?
Conheço o canal da Hugo Nasck, Transdiário, MandyCandy, Ariel Modara, Canal das Bee, Adam Franco e alguns outros com o foco LGBT+.