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Dúvida, re: a-espectro, opressões [tw: questionamento de opressão]
#1
Entendo agora que pessoas assexuais/arromânticas podem sofrer opressão, por serem vistas como subumanas, como algo a menos que deveria ser consertado.

Mas uma pessoa do espectro assexual/arromântico que está sentindo atração em determinado momento já não é considerada curada, e por isso fica livre de acefobia/arofobia? Porque aí deixa de ser uma pessoa "teimosa/sem emoções" para ser uma pessoa "difícil", né?
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#2
Eu acho que uma coisa importante que é muitas vezes ignorada nesse tipo de discussão é que identidades no espectro assexual são invisíveis.

Quem é demi, quoi, gray, etc. simplesmente não tem quase nenhum recurso para descobrir que sua atração pode funcionar desse jeito, e as pessoas em volta não vão acreditar também.

E também, a maioria das pessoas a-spec são variorientadas, e as pessoas tendem a não saber que uma pessoa pode ter orientação sexual e romântica funcionando de forma diferente.
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#3
Além das questões mencionadas acima, é importante notar que orientações do espectro assexual/arromântico possuem suas desvantagens.

Uma pessoa pode ter dificuldade em entender que certa pessoa (quase) não sente atração sexual/romântica, quando dá a impressão de que é allo/zed externamente (por estar em um relacionamento ou algo parecido), o que pode levar às mesmas coisas que uma pessoa assexual/arromântica sofre, como pressão para fazer terapia de conversão, pressão para tomar medicamentos para "consertar" e possibilidade de estupro corretivo.

Uma pessoa cuja atração é flutuante (acefluida, arofluxo, etc.) ou cuja atração tende a sumir depois de um tempo (fray, akoi, etc.) vai ter problemas para se encaixar em algum relacionamento, porque é esperado que a pessoa sempre esteja sentindo atração sexual e romântica pela(s) outra(s) pessoa(s) envolvida(s). O que pode levar a isolamento social, tentativas de cura, etc.

Uma pessoa gray ou demi pode ter dificuldade em arranjar alguém por quem sente atração, o que pode fazer com que a pessoa sofra o mesmo que uma pessoa "puramente" assexual/arromântica.

Também é bom lembrar que existem orientações no espectro assexual/arromântico que são basicamente "não ter atração nenhuma, só que _____" ao invés de "não ter atração nenhuma, exceto quando _____", sendo que as pessoas geralmente só pensam nesse segundo. Orientações como cupio, arovague e placio são desse tipo.

De qualquer forma, qualquer pessoa nesse espectro sente atração de forma considerada inválida pela sociedade em geral, por não ser com a frequência certa ou com a intensidade certa ou w/e.

Também acho legal notar que pessoas aplatônicas/analternativas/etc. também podem sofrer discriminação, porque existe a questão integracionista "não posso me apaixonar, mas posso ter QPPs!"

(Embora não faça muito sentido discutir isso, já que a questão é "tal pessoa é oprimida por sua orientação?", e pessoas com orientações alternativas ou platônicas são obrigatoriamente a-spec.)
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#4
Acho que peguei o básico, mas tenho interesse em ler mais, se alguém tiver algo pra passar.

Mas...

1) Placio conta como orientação? O_o

2) Se só pessoas a-spec podem ter orientação platônica, como funciona com QPPs com pessoas allo?
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#5
1) Placio é "pessoa assexual que tem vontade/estaria ok com dar prazer a alguém durante o sexo". Conta como orientação, assim como cupio ou homoflexível. É claro, não é obrigatório alguém se identificar como placio caso se encaixe; cada pessoa que se identifique com o que achar mais adequado.

É importante tentar considerar do ponto de vista da pessoa daquela orientação, ao invés de tentar assumir a maior besteira que for possível de qualquer orientação. Uma pessoa gray raramente sente atração, mas isso é facilmente distorcido para "pessoas gray acham que pessoas allo são atraídas por literalmente todo mundo". Pessoas akoi geralmente só sentem atração como se fosse alguma situação hipotética, e então perdem atração quando a situação é real, ou por causa da ansiedade de estar em uma relação, sofrendo bastante por isso, mas é claro que pessoas deturpam isso para "pessoas akoi são basicamente predadoras/estupradoras por só quererem romance/sexo com quem não quer".

Tipo, leiam sobre as experiências das pessoas antes de classificar uma orientação como forçada, abusiva ou trollagem.

2) O que eu sei é que pessoas allo supostamente não se importariam com atração platônica/alternativa por terem romântica/sexual, então considerariam uma QPP como uma amizade próxima, que geralmente independe do gênero.

Uma pessoa allo geralmente não possui pressão social para ter ou não ter QPPs, o que faz com que uma orientação platônica/alternativa seja irrelevante. A maioria das pessoas allo nunca vão ter QPPs.

Mas eu até entendo a ideia de uma pessoa querer QPPs mesmo sendo allo, especialmente se a pessoa tiver repulsa por sexo e/ou romance... então admito que uma pessoa allo pode classificar uma orientação alternativa como diferente das outras. (Não sei sobre platônica, porque iirc é exclusiva para aros, mas não tenho certeza absoluta.)

De qualquer forma, uma pessoa allo provavelmente usaria sua atração romântica ou sexual como guia.

Yeah. Espero que isso faça sentido.
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#6
Aye, faz sentido.

Essa perspectiva é interessante... são pessoas que estão inventando estes termos para si, então é importante saber de onde elas estão vindo. Isso parece relevante para quem reclama de existirem rótulos demais também. >3>
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#7
Yeah... vezes demais eu vejo pessoas - até mesmo as que são supostamente inclusivas - demonizando pessoas com fetiches, pessoas poliamorosas, pessoas com xenogêneros ou kingêneros, pessoas com orientações além da sexual e romântica e/ou pessoas que usam orientações mais específicas do espectro assexual/arromântico como "um bando de gente que quer ser queer/oprimida", reclamando de como é absurdo quererem ter sua própria identidade ou bandeira, reclamando de como querem que as respeitem... sendo que isso é uma overreaction absurda?

As pessoas da comunidade assumem que qualquer identidade é cunhada do extremo mais privilegiado possível (ver: pessoas dizendo que lith é apropriação da cultura lésbica quando a orientação foi cunhada por lésbicas, pessoas que acham que poliamor é só homens hétero fazendo harém de mulheres hétero), que pessoas estão exagerando em terem orgulho de sua identidade (mesmo que ela tenha muito em comum com identidades queer), que pessoas não podem ter qualquer coisa parecida com a comunidade LGBTQIAP+ sem estar "apropriando" ou declarando opressão, nem que seja algo tão genérico como um símbolo ou bandeira.

Recomendo a todes que pensem nessas coisas antes de pular para conclusões.

Especialmente em relação a orientações no espectro assexual/arromântico, ou destinadas a tal (que geralmente são criadas por pessoas que são basicamente assexuais/arromânticas, no máximo com algumas exceções), fetiches (que podem não ser parte da comunidade LGBT+, mas cresceram junto com ela e fazem parte da cultura queer) e poliamor (que é praticado quase que exclusivamente por pessoas LGBTQIAP+).
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#8
também é absurda essa obsessão com opressões... uma pessoa hétero não pode descrever suas experiências?

palavras e rótulos devem ter o direito de existir, mesmo que não tenham a ver com privilégio ou opressão...
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