Criei recentemente um grupo chamado diversidades plurais, onde na verdade não trato pessoas multi como diverso plurais, mas sim como pluriafetivas.
Diversidades plurais e pluriafetividades parecem englobar também poliamor, biamor, panamor, etc, mas o motivo era pra englobar plurissexualidades, plurirromanticidades, plurissocialidade, pluriplatonicidade, plurissensorialidade, plurialterosidade, pluriemocionalidade e o que for possível dos tipos de atrações.
Sabe-se que usam termos em inglês como multisexuality e multigender para englobar bi-poli-oni-pan. Existe gente que interpreta como bi como se fosse poli, tanto que vi uma bandeira bigênera com referências a poligênera.
Porém vejo que há sim um espectro poliafetivo, mas o conceito é outro e nem todes se sentem bem com isso, da mesma forma que não posso chamar tode pan de bi.
No Brasil, a comunidade bissexual tenta chamar de monodissidentes e dissidências sexuais como nomenclaturas inclusivas de afetividades fluídas, bi, pan, variorientações etc. Mas eu zelo pela etimologia das palavras, monodissidência seria o mesmo que não-monoafetive, e particularmente a-spec pode ser não-mono, visto que é uma não-binaridade de orientação, porém há sim um espectro cinza que pode ser monoafetividade. Fora que vi gente de "militância performativa" com críticas pesadas contra orientações cruzadas e (a)romanticidades, chamando de dissidências sexuais tudo isso. Ainda não me contemplo muito com monodissidentes.
E pluri- mais usade em línguas latinas, mas que me soa menos esquisite que multi-, lembra coisas muito padronizadas tipo multinacional, multiuso, etc.
Pluriatração e multiatração também seriam alternativas.
Então pra mim, existem espectrais: monoafetives, a-afetives, e pluri/multiafetives. Embora a-afetive remete a inatividade e desafeto, mas não significa que não são capazes de amar, visto que amor é subjetivo. Outra que -filia não cola.
Existem pessoas de orientações flexíveis como heteroflex, homoflex, ceteroflex, biflex, triflex, etc. que não se consideram multi ou não-mono. Existe uma não-binaridade pra isso? Que englobe?
Outra questão: indefinidades, como quoi, pomo, xum, apa, etc, como podem ser vistas nessa comunidade?! A comu pomossexual se trata como uma não-binaridade de orientação, mas não diz se é mono ou não. Fora que els tem um conceito ruim de que todes us indefinides estão num "pomo-spec", e no pomoimpla tratam pósmod como se fosse futurístique.
Citação:No Brasil, a comunidade bissexual tenta chamar de monodissidentes e dissidências sexuais como nomenclaturas inclusivas de afetividades fluídas, bi, pan, variorientações etc. Mas eu zelo pela etimologia das palavras, monodissidência seria o mesmo que não-monoafetive, e particularmente a-spec pode ser não-mono, visto que é uma não-binaridade de orientação, porém há sim um espectro cinza que pode ser monoafetividade.
Eu concordo muito com isso. Não só monodissidente lembra não-monogamia, quanto pessoas usam "monodissidentes" para falar de pessoas/orientações multi apenas, quando também acabam falando de monossexismo de forma que afeta além de pessoas multi.
Por exemplo, "você vai decidir alguma hora {entre gay/lésbica e hétero}", "todo mundo é um pouco assim e é por isso que esse é um rótulo inútil" ou "isso é só modinha, ninguém é assim de verdade" são micro-agressões que afetam tanto pessoas multi quanto pessoas a-spec, então usar monodissidente como "quem sente atração por mais de um gênero" realmente confunde. Daí não dá pra saber se estão excluindo pessoas a-spec de boa ou de má fé.
Enfim, falando do assunto do tópico em si:
O problema em qualquer "guarda-chuva" é que, a não ser que seja um termo neutro (e olhe lá), pessoas vão optar por fora dele eventualmente.
"M-spec" e "multi" são termos que nunca vi alguém reclamar porque são politicamente neutros. Foram feitos apenas para ser uma categoria. É por isso que me sinto muito mais segure usando eles do que pluraliane, um termo feito com o mesmo significado, mas também com o significado adicional de "pessoas podem usar esse termo para indicar que valorizam sua atração por mais de um gênero", o que o mata pra mim, alguém que tem preferência por gênero.
Eu não me importo que chamem multi de pluri, mas também não vejo grande motivo para fazer a substituição. Só acho que precisamos ter muito cuidado em "traduzir" coisas que nem são tão artificiais assim, porque as pessoas que vão usar esses termos muitas vezes são pessoas que vão ter mais familiaridade com as versões internacionais do que com versões adaptadas, enquanto as versões adaptadas não vão ser particularmente populares. Tão pouco populares que é provável que hajam outras pessoas utilizando o termo original por não saberem do adaptado.
Exemplo prático: Eu uso gray e fray em listas de orientações ainda que estes prefixos não estejam aportuguesados, porque em outros sites em português é fácil achar pessoas usando gray e fray sem terem a preocupação de traduzir, e esses usos são muito mais numerosos e populares do que qualquer campanha para usarem termos alternativos pudesse ser. Se eu não fizer nenhuma menção aos termos originais, não só pessoas vão ficar confusas sobre de onde tirei os termos, como também não vão conseguir achar material em outros lugares sobre os termos que estou usando, caso seus primeiros contatos tenham sido através dos meus materiais.
Agora, se quiser tentar popularizar pluri, ao ponto de haver gente sabendo de pluri sem saberem de multi? Vá em frente, que eu coloco como alternativa no site.
Citação:Existem pessoas de orientações flexíveis como heteroflex, homoflex, ceteroflex, biflex, triflex, etc. que não se consideram multi ou não-mono. Existe uma não-binaridade pra isso? Que englobe?
Orientações do sufixo -flexível geralmente são utilizadas de modo que a pessoa tem atração frequente por um gênero, enquanto é infrequente/rara/aberta sem a certeza de existir atração em relação a outro(s) gênero(s). Por conta disso, uma pessoa biflexível ou triflexível não teria porque ter dúvidas de sua participação na comunidade. Cetero também é geralmente considerada uma identidade multi, porque é mais provável que a pessoa sinta atração por vários gêneros não-binários do que só um.
De qualquer forma, pessoas virflexíveis, heteroflexíveis, neuflexíveis, etc. são bem-vindas em espaços multi, ao menos em teoria. É possível que essas pessoas não se sintam seguras por terem medo que sua atração seja na realidade por só um gênero, e é possível que as pessoas do espaço multi duvidem das orientações de alguém que é "basicamente mono". Agora, qualquer termo que substitua multi pode eventualmente cair no mesmo problema. Inclusão precisa ser construída em qualquer comunidade, e um nome sozinho não tem como resolver.
A orientação quoi é considerada a-spec: a pessoa não define a orientação porque não entende aquele tipo de atração (possivelmente confundindo com outro, mas não necessariamente). Mas entendo como também pode ser definida dentro de um conjunto de identidades indefinidas.
Teoricamente, as orientações indefinidas poderiam estar descritas como no espectro pomo, já que pomo é justamente "não-hétero, só que a pessoa não sabe ou não quer definir sua orientação/atração além disso", por mais que pessoas descrevam ser pomo de diferentes formas. Se você acha isso ruim, daria para fazer um termo neutro para isso. Eu descreveria como orientações indefinidas, assim como tem certas orientações que digo que são orientações fluidas (abro, duo, a-fluxo, a-fluide, bifluxo, etc).
Ou você quer um termo para tudo que não é hétero ou gay/lésbica? Ou para todos os termos que não podem ser descritos como atração por certo gênero, ou talvez por certa categoria de gênero?
Tinha misturado tri, cetero e bi com es "basicamente monos" ou "geralmente mono". Mas vejamos: neutrois- e androgine- podem ser mono, a não ser que sejam nin/ne, tudo isso seria cetero-spec. Embora eu prefira o conceito de enbiane/enébique, porém nesse caso como colocaria, NBflexível?!
Não sei, sinto falta da cor laranja na multi flag. M-spec me soa positivo, não proponho uma substituição do termo multi, mas sim uma alternativa, visto que é identitárie, eu posso interpretar minha orientação como sendo uma polissexualidade da mesma forma como posso interpretar como se fosse uma onissexualidade. Uma questão de (não)conformidade.
Como eu mesm falei, algo que não esteja como mono-spec ou a-spec, que seria o p-spec ou m-spec. Mas também pq o P é mais usado em siglas como QIAP+ raramente LGBTP. Outra pq tem gente que justifica que o B na sigla já se estende pra pan e m-spec.
Como eu sempre tratei: indefinidade, orientações indefinidas. Tem até uma bandeira undecided undefined...
Mono me lembrei binarismo de orientação, mas pode não ser, pois "um gênero" pode configurar outres.
falar de orientações mono é útil para falar de monossexismo, mas dizer que existe um "espectro mono" provavelmente não vai agradar ninguém. experiências hétero são diferentes de experiências LG, que por sua vez são diferentes de experiências diamóricas.
3746 escreveu:Embora eu prefira o conceito de enbiane/enébique, porém nesse caso como colocaria, NBflexível?!
"enbian" significa que você é nb e sente atração por pessoas nb, não fala sobre atração por pessoas binárias ou não. não precisa de flexível.
3746 escreveu:Tem até uma bandeira undecided undefined...
isso tem mais cara de questionando pra mim tbh... mas é possível fazer uma comunidade ao redor do conceito que inclua pomo, questionando, queer, etc.
de qualquer jeito, acho que nunca tem como separar tudo em categorias, muito menos convencer todo mundo de que fazem parte de uma categoria tal... não duvido que daqui a 5 anos tenha gente que reclame de m-spec, assim como hoje em dia reclamam de MGA.
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