31-01-2018, 10:29 AM
3997 escreveu:Conceito interessante, mas gostaria de levantar uma discussão relacionada.
Você acha que é possível ser homem não-binário e se beneficiar de ser homem, mesmo sofrendo o exorsexismo de ser não-binário?
Depende.
Eu entendo o que @vitorrubiao quis dizer, baseando-se em suas próprias experiências e tal, e espero não estar falando por cima de vocês dois aqui, mas homem não-binário é uma categoria intencionalmente abrangente.
Homem não-binário pode ser a pessoa que se encaixa no gênero masculino, fora alguns detalhes. Homem não-binário pode ser a pessoa agênero que se sente confortável sendo vista como homem. Homem não-binário pode ser a pessoa poligênero que, ainda que seja parcialmente mulher, quer que sua transmasculinidade seja levada a sério. Homem não-binário pode ser a pessoa gênero-fluido que é homem 70% do tempo, andrógine 20% do tempo e mulher 10% do tempo.
Em relação ao eixo de opressão homem x mulher, pessoas não-binárias podem ter internalizado coisas completamente diferentes. Podem ter homens não-binários que praticamente se veem como homens nesse eixo (e que então seriam quase ou totalmente privilegiados, embora eu não tenha certeza se esse totalmente seja possível), homens não-binários que sentem conexão com vários pontos entre homem e mulher dependendo da questão, homens não-binários cuja experiência é fluida e marcada por não ser homem ou por ser mulher em alguns pontos mas nem sempre, e talvez até outras coisas que eu posso não ter levado em questão.
(Isso sem contar misoginia mal direcionada, que eu diria que está mais para sofrer por conta de cissexismo do que por conta do gênero.)
Eu também acho que o "ir totalmente contra o gênero designado" (ser uma pessoa transmasculina, por exemplo) também conta com dificuldades extras. Mas aí, novamente, acho que faz parte da questão do não reconhecimento do gênero, e não do gênero em si.