10-10-2017, 05:38 PM
Oie, seja bem-vindo!
A área Site > Fórum é para tópicos sobre questões ligadas ao fórum do Orientando, como "como mudo meu avatar" ou "em que área posto esse tópico". Como sua pergunta é sobre categorização da sigla em geral, e o Orientando não é o único lugar que usa esta sigla, o tópico foi mudado para a área Comunidade > Identidades. Caso tenha mais dúvidas sobre os lugares de cada tópico, leia este tópico.
(Aviso de conteúdo: os links daqui por diante podem conter linguagem vista como ultrapassada/errônea. O texto também conterá alusões a retóricas que são consideradas incorretas e desrespeitosas hoje em dia, mas nada muito pesado.)
Para responder sua pergunta, geralmente estas questões andam unidas porque mesmo que atualmente saibamos diferenciar orientação de gênero e corpo, historicamente todos os grupos que divergiam das "normas de gênero" (que incluíam corpo, orientação e gênero) eram tratados da mesma forma. Por exemplo, haviam estudiosos que acreditavam que pessoas que expressavam interesse sexual pelo mesmo gênero eram na verdade de outro gênero. (x)
É possível ver isso também em algumas retóricas atuais, que acreditam que pessoas trans são "gays ao extremo", tanto que é a associação de quebrar normas de gênero com sentir atração pelo mesmo gênero. Isso também influenciou para que no Brasil houvesse uma inclusão do T na sigla mais cedo até que a inclusão do B. (x)
Como a exclusão da sociedade perissexo + cis + hétero - que muitas vezes é vista só como "hétero", por causa da tamanha mistureba que as pessoas fazem em relação a gênero, corpo e orientação - acontecia por um motivo parecido, muitas concentrações misturavam todas essas identidades. Um exemplo antigo é o Cercle Hermaphrodites, mas é possível achar vários relatos com essa situação a partir dos anos 60.
Também há muita confusão entre as próprias pessoas que possuem essas identidades. Uma pessoa não-binária pode ter se identificado como lésbica mesmo que não sentisse atração exclusivamente por mulheres, por causa dos estereótipos de quebra das normas de gênero, por ser uma identidade com mais visibilidade e com uma comunidade maior. Uma pessoa pode ter monossexismo internalizado e preferir se identificar como gênero-fluido e hétero antes de se identificar como pan.
Se isso ainda acontece até hoje, imagina quando só haviam mais informações sobre hétero x gay x lésbica x bi. Pode apostar que muita gente esteve em comunidades LGB, e até mudou entre essas comunidades, para depois entender que poderiam ser trans, assexuais, pan, não-bináries, ter identidades multi que não incluem um ou ambos os gêneros binários, etc.
Também pode acontecer alianças devido a pautas políticas: tanto pessoas intersexo quanto não-binárias querem uma identificação diferente da masculina e da feminina em documentos, pessoas trans hétero podem ter tanta necessidade de casamento igualitário quanto casais cis aquileanos/sáficos, pessoas trans e pessoas intersexo lutam pelo direito à autonomia em relação aos seus corpos (direito de escolher se querem ou não fazer terapia hormonal e cirurgias, pelos motivos inversos).
Eu totalmente defendo grupos mais ou menos específicos dependendo do objetivo: espaços exclusivos para pessoas não-binárias provavelmente não vão conter tanto exorsexismo quanto espaços LGBTQIAP+ gerais, espaços exclusivos para mulheres sáficas falarem de suas experiências entre outras mulheres sáficas são importantes, espaços para pessoas LGBTQIAPN+ negras são importantes, etc. Nenhuma dessas coisas anula o fato de que comunidades que aglomeram a não-conformidade a um padrão cis, hétero e perissexo existem e vão continuar a existir.
(Fim do aviso de conteúdo.)
Enfim, só algumas correções:
- Orientação (sexual) é sinônimo de sexualidade. Ser trans/não-cis não é orientação. Ser gay ou assexual é.
- Enquanto pessoas intergênero geralmente sejam não-binárias, e portanto fazem parte da comunidade LGBTQIAPN+, o I é de intersexo, não de intergênero. Nem todas as pessoas intersexo se consideram intergênero.
A área Site > Fórum é para tópicos sobre questões ligadas ao fórum do Orientando, como "como mudo meu avatar" ou "em que área posto esse tópico". Como sua pergunta é sobre categorização da sigla em geral, e o Orientando não é o único lugar que usa esta sigla, o tópico foi mudado para a área Comunidade > Identidades. Caso tenha mais dúvidas sobre os lugares de cada tópico, leia este tópico.
(Aviso de conteúdo: os links daqui por diante podem conter linguagem vista como ultrapassada/errônea. O texto também conterá alusões a retóricas que são consideradas incorretas e desrespeitosas hoje em dia, mas nada muito pesado.)
Para responder sua pergunta, geralmente estas questões andam unidas porque mesmo que atualmente saibamos diferenciar orientação de gênero e corpo, historicamente todos os grupos que divergiam das "normas de gênero" (que incluíam corpo, orientação e gênero) eram tratados da mesma forma. Por exemplo, haviam estudiosos que acreditavam que pessoas que expressavam interesse sexual pelo mesmo gênero eram na verdade de outro gênero. (x)
É possível ver isso também em algumas retóricas atuais, que acreditam que pessoas trans são "gays ao extremo", tanto que é a associação de quebrar normas de gênero com sentir atração pelo mesmo gênero. Isso também influenciou para que no Brasil houvesse uma inclusão do T na sigla mais cedo até que a inclusão do B. (x)
Como a exclusão da sociedade perissexo + cis + hétero - que muitas vezes é vista só como "hétero", por causa da tamanha mistureba que as pessoas fazem em relação a gênero, corpo e orientação - acontecia por um motivo parecido, muitas concentrações misturavam todas essas identidades. Um exemplo antigo é o Cercle Hermaphrodites, mas é possível achar vários relatos com essa situação a partir dos anos 60.
Também há muita confusão entre as próprias pessoas que possuem essas identidades. Uma pessoa não-binária pode ter se identificado como lésbica mesmo que não sentisse atração exclusivamente por mulheres, por causa dos estereótipos de quebra das normas de gênero, por ser uma identidade com mais visibilidade e com uma comunidade maior. Uma pessoa pode ter monossexismo internalizado e preferir se identificar como gênero-fluido e hétero antes de se identificar como pan.
Se isso ainda acontece até hoje, imagina quando só haviam mais informações sobre hétero x gay x lésbica x bi. Pode apostar que muita gente esteve em comunidades LGB, e até mudou entre essas comunidades, para depois entender que poderiam ser trans, assexuais, pan, não-bináries, ter identidades multi que não incluem um ou ambos os gêneros binários, etc.
Também pode acontecer alianças devido a pautas políticas: tanto pessoas intersexo quanto não-binárias querem uma identificação diferente da masculina e da feminina em documentos, pessoas trans hétero podem ter tanta necessidade de casamento igualitário quanto casais cis aquileanos/sáficos, pessoas trans e pessoas intersexo lutam pelo direito à autonomia em relação aos seus corpos (direito de escolher se querem ou não fazer terapia hormonal e cirurgias, pelos motivos inversos).
Eu totalmente defendo grupos mais ou menos específicos dependendo do objetivo: espaços exclusivos para pessoas não-binárias provavelmente não vão conter tanto exorsexismo quanto espaços LGBTQIAP+ gerais, espaços exclusivos para mulheres sáficas falarem de suas experiências entre outras mulheres sáficas são importantes, espaços para pessoas LGBTQIAPN+ negras são importantes, etc. Nenhuma dessas coisas anula o fato de que comunidades que aglomeram a não-conformidade a um padrão cis, hétero e perissexo existem e vão continuar a existir.
(Fim do aviso de conteúdo.)
Enfim, só algumas correções:
- Orientação (sexual) é sinônimo de sexualidade. Ser trans/não-cis não é orientação. Ser gay ou assexual é.
- Enquanto pessoas intergênero geralmente sejam não-binárias, e portanto fazem parte da comunidade LGBTQIAPN+, o I é de intersexo, não de intergênero. Nem todas as pessoas intersexo se consideram intergênero.