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  REGs [aviso de conteúdo: cissexismo, monossexismo, e por aí vai]
Postagem por: Aster - 09-01-2017, 04:10 PM - Fórum: Opressões - Respostas (9)

Especialmente em comunidades lusófonas, onde não é tão comum haver interseccionalidade e consciência sobre identidades mais incomuns, me preocupo com a renovação de uma onda REG em espaços LGBTQIAP+. Neste tópico, pretendo divulgar e discutir sobre argumentos e táticas, para que REGs possam ser combatides e isolades.

1. Objetivos

REGs querem associar certos grupos a grupos de fora da comunidade, por não serem parecidos o suficiente com o ideal que possuem da comunidade. Querem forçar um padrão de como as pessoas devem se identificar e agir se quiserem ser levadas a sério.

Isso tem muito a ver com ideais de assimilação: é mais fácil dizer o que deve ser aceito como padrão da sociedade sem quebrar muitos padrões, desta forma.

Exemplo rápido (já que entraremos em detalhes depois): um grupo de transmedicalistas exclui pessoas sem disforia e não-binárias de uma comunidade trans, dizendo que não são trans de verdade se não possuem disforia ou se não são binárias.

Assim, conseguem vender uma narrativa de que pessoas trans são só "doentinhas" e precisam de "tratamento" (terapia hormonal + cirurgias) para serem assim como pessoas cis, enquanto não desafiam a ideia de que ser cis é padrão, de que existem mais de dois gêneros, e de que gênero é mais do que partes do corpo. Isso teoricamente deixaria o processo mais fácil para "pessoas trans de verdade", mas faz com que pessoas sem disforia e não-binárias tenham que mentir para conseguir tratamento, e lutar mais por visibilidade e aceitação.

2. História

REGs existem faz muito, muito tempo.

Inicialmente, lésbicas não faziam parte da comunidade gay, e tiveram que lutar por este direito.

Posteriormente, pessoas bi foram excluídas de comunidades para gays e lésbicas, por terem a "opção" de se passarem por hétero; sugerindo assim que pessoas bi deveriam "escolher um lado", por não terem a ver com a ideia da época de dizer que gays e lésbicas mereciam aceitação porque simplesmente não podiam evitar gostar só do mesmo gênero e não do "oposto".

Ainda mais posteriormente, não queriam deixar pessoas trans entrarem na comunidade, porque são "estranhas" e não aceitam seu "sexo biológico". Porque estão "tentando ser hétero" e rejeitando sua "natureza gay". Ou, pior, são "pessoas hétero fetichistas" que se "vestem como do sexo oposto" para "fingirem ser gays".

(nvm que pessoas bi e trans já haviam sido fundamentais para o movimento há décadas)

Mais ou menos por essa época, o termo transgênero foi popularizado, para ser mais inclusivo do que transexual (desculpem, não achei links melhores). Isso porque transexual era mais para pessoas que queriam fazer transição; transgênero tinha a intenção de incluir pessoas que faziam drag/crossdressing e pessoas trans que não queriam fazer transição. Obviamente, isso devia incluir pessoas não-binárias também.

Porém, transgênero virou uma nova palavra para transexual, o que fez com que pessoas que não quisessem transição ou que não fossem homens ou mulheres precisassem de um novo termo. E foi assim que surgiu genderqueer.

Eu vou parar por aqui em relação à história, mas dá pra ver que o único motivo pelo qual temos debates sobre GLB x LGBT x LGBTQ x LGBTI x LGBTQIA/Q(U)ILTBAG x LGBTQIAP x LGBTQIAPDNO e tudo mais é porque homens gays há décadas atrás decidiram excluir mulheres sáficas do termo gay (o que deu base para outras fragmentações).

3. Alvos da onda atual

É claro que REGs podem teoricamente conspirar para manter qualquer identidade fora da comunidade, ou apoiar certa identidade enquanto excluem outras. E é claro que seus argumentos dão corda para argumentos contra qualquer identidade. Porém, a onda atual afeta diretamente e principalmente pessoas com as seguintes identidades:

  • Assexual (+ espectro)
  • Arromântica (+ espectro)
  • Multi (especialmente pessoas que não sentem atração pelo mesmo gênero do que o seu, ou com identidades que são incomuns demais)
  • Proquu/proqua, ma/woma, fin/min/nin, etc. (apenas use gay/hétero!!1)
  • Não-binária (especialmente de gêneros menos aceitáveis, ou que pareçam parecidos com o gênero designado)
  • Intersexo
  • Que dependem de trauma, neurodivergência, etc.
  • E quaisquer outras que pareçam "estranhas", "específicas demais" ou "coisa de floquinho de neve especial".
4. Mas qual a lógica disso?

Naomi explica bem nesta postagem:
Citação:táticas/retóricas exclusionárias
dizer que um grupo não é oprimido porque outro grupo possui problemas que o grupo não tem
Exemplos: "pessoas assexuais e arromânticas não vão ser mortas por andar na rua com quem amam, pois não amam ninguém", "uma pessoa não é oprimida por ter um gênero parecido com o que lhe foi designada, porque a pessoa não vai sentir necessidade de mudar seu guarda-roupa ou passar por transição"

Por que isso não é um bom argumento? Pessoas diferentes possuem necessidades diferentes.

Pessoas assexuais e arromânticas ainda são tratadas como inumanas, ainda são postas em tratamentos para curá-las (que podem envolver sexo contra sua vontade, isto é, estupro corretivo), além de sofrerem com outros aspectos de uma sociedade zedsexista e amatonormativa.

Pessoas não-binárias são não-cis por algum motivo, então ainda vão sofrer com exorsexismo e cissexismo, seja por quererem algum tratamento hormonal, seja por sentirem a necessidade de serem tratadas de forma diferente da associada a seu gênero designado.
Citação:ignorar as necessidades do grupo, apagar sua história e se recusar a reconhecer seus esforços/suas batalhas
Exemplos: "pessoas intersexo nem querem ser LGBT", "assexualidade foi inventada nos anos 2000 por pessoas hétero que querem se forçar na comunidade"

Por que isso não é um bom argumento? Não adianta nos basearmos em uma história que é constantemente varrida para debaixo do tapete, de uma comunidade que já passou por diversas nomenclaturas. Mesmo que certa identidade não fosse "originalmente queer", é importante reconhecer que pessoas de tal identidade podem estar lutando por uma causa similar, por ter problemas similares.

Pessoas intersexo nem sempre querem ser inclusas na comunidade e em espaços LGBT+, mas muitas pessoas intersexo acreditam que é fundamental que intersexo seja reconhecida como uma identidade queer/LGBT+. Isso varia de pessoa para pessoa; também existem lésbicas ou pessoas trans que não querem ser consideradas LGBT. De qualquer forma, muitas das pessoas que pregam que ser intersexo não faz de alguém LGBT não são nem intersexo, e só se aproveitam de algumas vozes para não terem que se preocupar com pessoas intersexo em sua retórica ou espaços.

Pessoas assexuais muitas vezes se identificavam como bi previamente, justamente porque a comunidade bi era feita de pessoas que não eram "nem gay, nem hétero". Pessoas já utilizavam ocasionalmente a palavra assexual antes dos anos 2000, mesmo que comunidades maiores só tivessem se estabelecido depois.
Citação:sabotar a imagem do grupo, pintando-o como invasor, como sanguessugas
Exemplos: "pessoas não-binárias vão pegar recursos financeiros/psicológicos de pessoas trans, quando estão só em uma fase e vão desistir de ser trans depois", "homens bi que não são atraídos por homens vão só ficar dando em cima de mulheres e de pessoas AFAB"

Por que isso não é um bom argumento? As pessoas sabem que a comunidade LGBTQIAP+ não é ~cool~. Pessoas que sentem nojinho de quem é gay, lésbica, trans, etc. não vão querer compartilhar nossos espaços. Pessoas que precisam dos recursos muito provavelmente são pessoas que não são realmente cis, hétero e perisexo. Grupos "novos" vem de divisões dentro da comunidade, não de skinheads que decidiram que agora são marginalizados.

Organizações geralmente se beneficiam em ter mais beneficiades, então não é como se um grupo novo que passasse a frequentar o lugar fosse piorá-lo ao invés de melhorá-lo. E qualquer espaço LGBTQIAP+ precisa trabalhar mais questões como racismo, capacitismo, misoginia, cissexismo e exorsexismo; não é chutando pra fora pessoas de certa identidade que a situação vai subitamente melhorar, e sim com esforços de educação.

Com disforia ou sem disforia, sendo binárie ou não-binárie, qualquer pessoa pode desistir do tratamento por vários motivos. E pessoas cis não possuem nenhum incentivo para dizerem que são trans e/ou não-binárias, independentemente do que dizem por aí. A pessoa vai ser repetidamente questionada, ridicularizada e excluída; não vale a pena tudo isso porque gosta da estética de ser uma pessoa gênero-estrela, ou porque acha que ser "de outro gênero" vai ser melhor do que ser gay/lésbica, ou porque quer escapar de seus papéis de gênero.

Quanto a igualar pessoas AFAB ou AMAB, é a pessoa que está fazendo o argumento que está sendo cissexista, achando que mesma genitália = basicamente mesmo gênero. É muito suspeito também o argumento de que "homens estão invadindo nosso espaço", porque é o que dizem também de mulheres trans lésbicas.

A maioria das pessoas multi que não possui atração pelo mesmo gênero está apenas respeitando o gênero de pessoas por quem já se atraiu (sendo que a atração continuou depois de saber que tais pessoas não são do gênero que achava que eram). Também aposto que existem muito mais homens que se consideram bi porque acham que mulheres cis e trans são de gêneros diferentes do que homens que se consideram bi porque já sentiram atração por mulheres e pessoas agênero.

E, pasmem, mas pessoas que não são hétero/cis, mas que não passam muitas dificuldades por isso, tendem a não frequentar espaços LGBT+, ou até mesmo se identificarem publicamente como não-cis/hétero! Porque não apenas não sentem necessidade de apoio, como também se sentem como invasories!
Citação:categorizar erroneamente o grupo como opressor
Exemplos: "pessoas bi são opressoras porque sentem atração hétero", "pessoas assexuais/arromânticas são opressoras porque não sentem atração pelo mesmo gênero"

Por que isso não é um bom argumento? Se o grupo não é reconhecido como "normal", "natural", "aceitável" pela sociedade, este grupo não é privilegiado.

Mesmo que uma pessoa pense que seria melhor se seu filho gay fosse bi e se casasse com uma mulher, essa pessoa está só colocando fé em que a atração por outros gêneros se torne irrelevante e fácil de esquecer.

A sociedade sempre quer que pessoas queer cedam "mais um pouquinho": ao invés de ser uma pessoa poligênero, que tal ser bigênero, já que "só existem dois gêneros"? Ao invés de ser bigênero, que tal aceitar que é só sua expressão de gênero que é diferente, e que você é cis? Ao invés de se expressar de forma tão diferente, que tal largar essa fase e virar ume adulte normal?

E, vale lembrar que, especialmente em lugares onde existe mais conhecimento sobre pessoas gays ou lésbicas do que sobre outras identidades, pessoas dessas outras identidades tendem a sofrer mais. Uma pessoa bi não vai sofrer apenas por ter atração pelo mesmo gênero (se tiver), mas também por "não escolher um lado", por "insistir numa identidade promíscua e infiel", por "estar passando por uma fase". Uma pessoa assexual ou arromântica vai sofrer porque "sexo/romance é o que faz de nós seres vivos", porque "isso é só uma fase", porque "você está mentindo, aposto que é gay", porque "então porque não faz o teste e faz sexo comigo pra eu te consertar?"

Isso não significa que gays/lésbicas são opressories, mas sim que podem ter certas vantagens sobre pessoas de identidades menos conhecidas, dependendo das circunstâncias.
Citação:descrever identidades como arbitrárias e irrelevantes às classes sociais
Exemplos: "as pessoas não vem uma pessoa neurogênero, só veem uma pessoa cis", "ser bi ou pan é inútil, as pessoas só vão ver uma pessoa gay ou hétero"

Por que isso não é um bom argumento? Vivemos em uma sociedade pericisheteronormativa. A não ser que tenhamos sinais muito grandes de sermos algo fora desses padrões, seremos vistes como perisexo, cis e hétero, independentemente da identidade.

Identidades são feitas para descrever nossas experiências. Nossas identidades existem independentemente de qualquer opressão ser colocada a elas ou não, e a maioria delas é excluída pelo mesmo motivo: por questionar gênero.

Uma pessoa binária intersexo e/ou trans faz com que pessoas questionem o que faz de alguém ser uma mulher ou um homem, já que não tem a ver com biologia. Uma pessoa não-binária questiona a existência da falsa dicotomia entre mulher e homem, e não apenas mostra que é possível ser algo diferente, mas também que algumas pessoas sentem a necessidade de se identificarem como algo diferente. Uma pessoa que não está (somente) com alguém do "gênero oposto" questiona o que é gênero, já que ele não define a preferência sexual/romântica/etc. de alguém.

Adicionalmente, pessoas multi questionam a ideia de "escolher um gênero" para se relacionar, enquanto pessoas arromânticas e/ou assexuais questionam o modelo de atração zednormativo e periorientado como uma experiência universal, e também a possibilidade de relacionamentos íntimos não serem necessariamente compostos por sexo e/ou romance.

Com exceção das pessoas que conseguem separar e achar que alguma(s) identidade(s) LGBTQIAP+ pode(m) ser simplesmente "doença(s)", ou algo natural, e outras não, é comum que considere toda a comunidade "farinha do mesmo saco".

Isso não é motivo para não termos o direito de entender a relação entre as múltiplas identidades existentes. Isso não é motivo para não termos o direito de termos nossas próprias identidades, sob nossos próprios termos. Isso não é motivo para invalidar identidades alheias.
Citação:dizer que o grupo está apropriando a luta/as dificuldades de um grupo similar, ou da comunidade à qual querem se juntar
Exemplos: "pessoas não-binárias só estão se aproveitando de que pessoas trans são mais mainstream agora", "pessoas assexuais estão se apropriando de termos como terapia de conversão e estupro corretivo para descrever suas fantasias de opressão"

Por que isso não é um bom argumento? Primeiramente, esse tipo de argumento geralmente se baseia na comunidade estar vindo de fora (o que já estabelecemos que não é verdade). E então, temos o fato de certos tipos de opressão serem similares (ou iguais), o que não é "apropriação", porque é algo que está sendo forçado em certos grupos.

Terapia de conversão é um termo para qualquer terapia que tente mudar a orientação ou gênero de alguém. Estupro corretivo é um termo para qualquer tipo de estupro aonde querem que a pessoa se conforme mais à sociedade cisheteronormativa, "virando" cis, hétero, o que for.

A visibilidade de pessoas trans (e genderqueer/não-binárias, até certo ponto) faz com que mais pessoas possam saber que podem ser trans/não-binárias. Também faz com que mais pessoas se sintam seguras para dizerem que são trans/não-binárias.
Citação:dizer que esse grupo não é real, que são só opressories tentando se identificar como alguém fora do grupo privilegiado
Exemplos: "homens não-binários AMAB só querem evitar serem chamados de machistas/transfóbicos", "homens cis, arromânticos e heterossexuais só querem ser LGBT para justificar foder e não ligar no próximo dia"

Por que isso não é um bom argumento? Porque as pessoas deveriam parar de só considerar que uma pessoa pode estar errada se a pessoa está fora de um grupo oprimido, sinceramente. *suspiro*

Uma pessoa não-binária está falando merda cissexista/exorsexista/misógina/transmisógina? Fale. De que adianta um espaço supostamente livre de opressão se as pessoas dentro dele também perpetuam opressão? Não é como se fosse só se descobrir trans/NB para acabar com qualquer preconceito em relação a gênero e sexo que existe na mente da pessoa.

Alguém está magoando outra(s) pessoa(s), por mentir ou dar falsas expectativas? A identidade não deveria servir de escudo, e nem como uma arma contra as outras pessoas que não tem culpa de existir alguém da comunidade delas que se comporta de forma inadequada.
Citação:literalmente pintar o grupo oprimido como pior do que o que é realmente opressor
Exemplos: "pessoas assexuais são piores do que pessoas hétero, porque pintam sexo como nojento", "pessoas não-binárias prejudicam o movimento trans muito mais do que qualquer pessoa cis"

Por que isso não é um bom argumento? Porque o grupo oprimido não tem poder pra fazer nada, e não é a causa dos problemas. Também não foi tal grupo que criou o sistema sob o qual elas próprias são oprimidas.

Fora que a maioria dos argumentos desse tipo são generalizações ou mentiras.
Citação:ter padrões maiores para o grupo para dizer que ele é muito preconceituoso ou violento para ser aceito na comunidade
Exemplos: "uma pessoa não-binária tirou sarro da disforia de um homem trans uma vez, é isso que vai acontecer se deixarem participar de grupos trans", "uma pessoa bi disse que não há provas que a Pearl é lésbica e não bi, o que significa que não pode aguentar a possibilidade de lésbicas existirem"

Por que isso não é um bom argumento? Novamente, a maioria dos argumentos são generalizações ou mentiras. Ou são comentários inocentes reinterpretados para que sejam horríveis.

E, novamente, as pessoas deveriam parar de só considerar que uma pessoa pode estar errada se a pessoa está fora de um grupo oprimido. As pessoas devem ter responsabilidade por comentários discriminatórios independentemente de como se identificam.
Citação:utilizar um pequeno número de pessoas para justificar não defender seus direitos
Exemplos: "algumas pessoas assexuais acham que quem é HIV+ merece por ficar fazendo sexo por aí, isso prova o quanto somos diferentes", "uma pessoa proquassexual disse que não queria ser lésbica porque acha lésbicas feias, então essa é uma identidade homofóbica"

Por que isso não é um bom argumento? Novamente, ações independentes não devem ser responsáveis pela comunidade toda. Novamente, muitas vezes esses comentários foram distorcidos para que parecessem horríveis e representativos de toda a comunidade. Novamente, pessoas tão horríveis provavelmente nem iriam querer estar na comunidade LGBTQIAP+.
Citação:e falar sobre a identidade como se a comunidade tivesse uma mente única e fosse um movimento
Exemplos: "o movimento não-binário vive no Tumblr, odeia pessoas cis e acha que pessoas trans binárias são privilegiadas", "a comunidade assexual é super racista, porque eu já vi um neonazista se identificando como assexual"

Por que isso não é um bom argumento? Novamente, identidades são identidades, e não precisam ter um ~papel social~ para serem válidas. E, pela última vez, ações independentes não devem ser responsáveis pela comunidade toda.

Vou deixar por aqui. Talvez eu fale mais sobre táticas e argumentos mais tarde. Espero que isso tenha sido útil!


  tópico de moda nb/gq!
Postagem por: mimi - 09-01-2017, 05:00 AM - Fórum: Identidades - Respostas (20)

não tenho tempo pra elaborar, mas a ideia tá aí


  Pedido por termo
Postagem por: altedude - 06-01-2017, 01:20 PM - Fórum: Questionando - Respostas (4)

Eu sei que isso parece meio específico e bobo demais, mas... existe alguma palavra para que alguém que acha que se encaixa no espectro assexual/arromântico, mas que não tem completa certeza?

Questionando e no espectro assexual/arromântico não contam. Palavras que envolvam somente fluidez também.


  Agora temos um glossário
Postagem por: Aster - 05-01-2017, 11:09 AM - Fórum: Fórum - Respostas (8)

Ainda deixarei o tópico de termos úteis, mas agora existe um glossário automático também. :D

Agora você pode falar de REGs, transmeds ou TERFs sem se preocupar em explicar! (As explicações são curtas, só para ter uma ideia geral.)

Aceito sugestões, mas aviso que a função ainda está em estado de testes.


  Tópico obrigatório de mídia engraçada
Postagem por: altedude - 05-01-2017, 07:31 AM - Fórum: Geral - Respostas (9)

Pra quando viver na nossa sociedade é estressante demais :)

[Imagem: gamercat_208.jpg]

http://www.thegamercat.com/comic/trial-trip/

https://www.youtube.com/watch?v=eWHFdEzXYdI

[Imagem: R4pM4F.gif]

http://makeagif.com/R4pM4F


  Tópico sobre exorsexismo
Postagem por: Aster - 04-01-2017, 01:45 PM - Fórum: Opressões - Respostas (18)

Eu não sabia se fazia uma postagem no blog, ou uma página... mas acho que o formato de tópico é mais adequado, pelo menos em relação a poder ter atualizações constantes sem ser algo estranho.

Então. Exorsexismo. Eu sei que muita gente me estranha usando a palavra, mas, como uma pessoa não-binária branca, esta é uma palavra útil para mim.

1. Conceito

Exorsexismo é, resumidamente, o sistema opressivo que atua contra pessoas que não são 100% do gênero mulher e nem 100% do gênero homem. Isso inclui qualquer pessoa não-binária e também pessoas que não se identificam como não-binárias, mas que cabem na definição da palavra.

Exorsexismo inclui:

  • A crença de que só existem dois gêneros;
  • A crença de que só existem dois tipos de linguagem ("masculina" [o/ele/o] e "feminina" [a/ela/a]), de que não existe necessidade para linguagem neutra e de que neolinguagem é bobagem que não deveria existir;
  • A crença de que todos os gêneros não-binários devem ter base em gêneros binários;
  • A crença de que todos os gêneros não-binários baseados em gêneros binários são "basicamente binários";
  • A crença de que ser não-binárie é uma escolha superficial, uma modinha, um "modificador", algo que é sempre irrelevante, porque a pessoa é "na verdade" homem ou mulher;
  • A crença de que gêneros só são válidos quando existem pessoas cis de tal gênero em nossa sociedade;
  • A crença de que gêneros definidos por trauma, neurodivergência, intersexualidade, ou outras experiências são inválidos;
  • A crença de que é certo tratar homem e mulher como gêneros opostos;
  • A crença de que é certo separar coisas ou pessoas entre (coisas de) homem e (coisas de) mulher;
  • A crença de que pessoas não-binárias na verdade são cis, ou pessoas trans binárias com cissexismo internalizado, e que não merecem estar em comunidades para pessoas trans, ou terem acesso a recursos trans como terapia hormonal, cirurgias de redesignação sexual, etc.;
  • Entre outras crenças relacionadas.
Exorsexismo é um tipo de cissexismo (que é o sistema opressivo contra qualquer pessoa não-cis). Nem todas as pessoas não-binárias sofrem da mesma maneira sob exorsexismo. Pessoas trans binárias podem ser afetadas indiretamente por exorsexismo, pois são afetadas por pensamentos de que estão "erradas" por "não serem nem homens e nem mulheres", mas a questão é que pessoas não-binárias sofrem certos tipos de discriminação mais específicos, e exorsexismo é uma palavra que nos ajuda a falar sobre isso.

2. Criação e controvérsias

Antes de existir exorsexismo, era comum que as pessoas se referissem à discriminação de pessoas não-binárias em comunidades anglófonas como nonbinary erasure (apagamento não-binário). Isso porque várias instâncias de exorsexismo são simplesmente pessoas não percebendo que mulheres e homens não são as únicas pessoas que existem.

Porém, pessoas não-binárias são alvos de chacota mais aceitáveis para váries trolls, e somos inclusive alvos de chacota porque pessoas trans binárias podem nos usar para se alavancar: afinal, elas são só pessoas que nasceram no corpo errado e que precisam de cura, enquanto nós somos meninas que queremos ser especiais com termos novos e linguagem diferente.

Pessoas abertamente não-binárias também possuem mais dificuldade em conseguir hormônios e cirurgias, até porque não temos como ser muito cisnormatives quando não existe um padrão de gênero sob o qual podemos ser avaliades. Também não temos como parecer pessoas cis de nossos gêneros.

Também temos pessoas dentro da comunidade LGBT+ que querem nos reduzir a um gênero binário ou outro, para não terem que reconsiderar o que significa gay, hétero ou bi.

Enquanto muitos desses exemplos cabem em apagamento, poderia ser bom ter uma palavra mais impactante para tais coisas, não?

A palavra óbvia seria binarismo, mas, pela história dessa palavra com relação ao apagamento e discriminação contra gêneros e pessoas de gêneros fora de homem e mulher em povos de certas culturas, o argumento de apropriação se tornou uma arma para as pessoas que já não gostam muito da ideia de existir vocabulário próprio para pessoas não-binárias.

Daí vem toda aquela história de dizer que pessoas brancas só querem ser oprimidas. De que como binarismo é somente em relação a pessoas de certas culturas, pessoas brancas não-binárias não sofrem de opressão mais específica que cissexismo. O que é chato até para pessoas não-binárias que não são brancas, mas que também não sofrem de binarismo por não viverem em alguma cultura que teve gêneros atacados e apagados por não serem homem ou mulher.

Depois de múltiplas consultas com pessoas trans binárias e não-binárias, inclusive pessoas racializadas, Vees (vergess/intersex-ionality no Tumblr) fez uma postagem apontando alternativas para como chamar essa discriminação específica contra pessoas não-binárias. Mesmo com a pesquisa final mostrando polarsexismo com uma grande vantagem, exorsexismo foi a palavra que ficou, talvez pela popularidade do blog exorsexistbullshit.

Obviamente, a palavra ainda foi repetidamente atacada, tanto por "apropriar binarismo" quanto por "deixar implícito que pessoas trans binárias não são oprimidas". E, obviamente, porque pessoas não-binárias não são oprimidas de verdade, são só pessoas cis querendo ser especiais e etc. etc. etc.

Mesmo assim, existem duas vantagens óbvias da palavra, as quais são evitar o sufixo -fobia e incluir qualquer pessoa que não seja 100% homem ou 100% mulher, independentemente da pessoa se identificar como não-binária ou não.

3. Exemplos, para entender melhor, eu acho?

a) É mais fácil explicar para pessoas cis o que é um homem trans do que explicar o que é uma pessoa gênero-fofo;

b) As pessoas em geral vão levar mais a sério ume andrógine do que uma pessoa poligênero;

c) As pessoas em geral vão insistir em usar pronome ele ou ela (especialmente em relação com o gênero que a pessoa pensa ser o "gênero de verdade" da pessoa não-binária);

d) Uma pessoa gênero-fluido mulher/homem vai ser levada mais a sério do que uma pessoa fluxofluida;

e) Uma pessoa raramente vai passar como não-binária. O máximo que acontece é ter pessoas se confundindo sobre o gênero da pessoa, mas elas só vão considerar gêneros binários.

Para finalizar, vale lembrar que pessoas podem sofrer tanto por transmisoginia quanto por exorsexismo. Uma coisa não invalida a outra. E que não adianta ficar quantificando opressão, especialmente quando ela toma formas diferentes.


  Coisas difíceis de reconhecer em gênero
Postagem por: Aster - 04-01-2017, 07:05 AM - Fórum: Identidades - Respostas (2)

Não, essas identidades não são a mesma, e elas podem parecer obviamente diferentes por pessoas de fora, mas é relativamente difícil entendê-las quando é você quem precisa entender o que sente.

Sintam-se livres para comentar ou adicionar!

(OBS: Não estou detalhando os gêneros porque são só exemplos. Neutrois podem ter um gênero que não é neutro, ou podem não ter gênero. Pessoas pangênero podem não dizer que seu gênero é uma mescla de gêneros. Etc.)

Múltiplos gêneros x Mescla de gêneros
(bigênero homem/mulher x andrógine, nonpuer + nonpuella x nonvirmina, mulher + gênero neutro x demimulher)

Gênero neutro x Mescla de gêneros
(neutrois x andrógine, gênero neutro x ambonec, agênero x pangênero)

Gênero relacionado a gênero binário x Gênero relacionado com feminilidade ou masculinidade
(homem nb x nonpuer, demimulher x ceterofeminina, juxera x mulher agênero, altemenino x transmasc não-binárie)

Gênero aproximado x Gênero misturado
(magimulher x horomulher, maverique-vague x trigênero maverique/demigênero-estrela/nanoneutrois, proxvir x mascandrógine)

Apresentação desejada x Apresentação "coerente com gênero"
(homem femme x genderqueer, demimenino x maverique transmasc, mulher butch x nanomulher, agênero x andrógine transneutre)


  Explicações: como orientações funcionam
Postagem por: Aster - 29-12-2016, 09:11 PM - Fórum: Site - Respostas (7)

As seguintes preocupações não são incomuns em comunidades não-binárias lusófonas, então não me surpreendo que tenham chegado a mim:

  • Por que andro e gine não estão listadas nas orientações?
  • Por que não estão listados TODOS OS TERMOS POSSÍVEIS nas listas?
  • O que é gay/"homossexual", afinal?
  • O que é hétero, afinal?
  • Por que a lista de orientações não é dividida entre sexualidades e romanticidades?
Primeiramente, eu gostaria de explicitar que o Orientando não é uma wiki por um motivo. Existem diversas opiniões controversas dentro da comunidade LGBTQIAP+, e, enquanto sou humane e acredito que certas opiniões podem mudar (como já mudaram desde o início do site), eu preciso tomar partido em relação a certos assuntos.

Há questões que variam de pessoa para pessoa, e existem certas opiniões que posso respeitar, embora não vá agir de acordo a elas. Nestes casos, peço para que, se isso for realmente importante para você, faça seu próprio site. Francamente, há muito trabalho a fazer no Orientando, então prefiro que não tenha que perder tempo fazendo um site alternativo com pequenas modificações que agradem mais os caprichos de outras pessoas.

Enfim, vamos às respostas.
  • Andro e gine são orientações que muitas vezes são utilizadas como "atração por pênis" e "atração por vagina". De fato, esta foi a primeira descrição na qual esbarrei, possivelmente há mais de 5 anos atrás, e em português. E, quando comecei a participar de comunidades onde divulgam orientações e gêneros incomuns, existia um consenso geral de que andro/gine possuiam conotação cissexista, e de que ma(n)/woma(n) eram as opções não problemáticas.
    Isto já está citado em diversas páginas de orientação.

    Só que, como ma(n)/woma(n) são basicamente home(m)/mulhe®, pessoas que falam inglês acabam achando estas orientações estranhas, e recorrem a redefinir positivamente andro/gine, ou a criar alternativas como masc/fem (que aqui uso como tradução de min/fin) ou vir/femi. Não listo todas as opções porque a comunidade ainda não se decidiu, e não há porque ficar atualizando em tempo real quais termos as pessoas gostam ou não.

    Agora, vejo que este desenvolvimento não aconteceu em comunidades lusófonas, o que leva listas a citarem andro e gine como orientações sem falar sobre conotações cissexistas nem nada. Isso também leva pessoas a não se preocuparem com alternativas. Portanto, quando houver tempo, modificarei as páginas e as descrições existentes de ma/woma para falar disso, e deixarei andro/gine como alternativas.
    Edição: Não acho que atualmente haja a necessidade de ainda usar andro/gine. Leia este texto para explicações e alternativas.
  • Meu foco no momento é qualidade, e não quantidade. Eu prefiro uma página bem feita explicando o que é demigênero ou gênero-fluido do que vinte variações destes termos com descrições superficiais fora de contexto a mais na lista de gêneros.

    Sim, eu tenho variações listadas, e terei mais no futuro! Mas não vejo utilidade em falar superficialmente sobre termos que nunca vi ninguém utilizando, quando existem vários termos em uso que as pessoas nem entendem nada sobre (altegênero, gênero-estrela e gênero-fofo me vêm à mente).

    Como já falei em outro tópico: se você vê que algum termo é bastante utilizado, ou se você usa ele, e quer vê-lo aqui, é só falar! Não estou fechade a adicionar mais gêneros, só estou fechade à cobrança de adicionar qualquer conteúdo que vejo pela frente, quando existem outras prioridades.

    Em relação à adição de termos alternativos: não adicionarei termos alternativos que são só sugestões que nunca "pegaram", e que não me parecem interessantes. É muito mais fácil buscar visibilidade em relação a termos que a comunidade em geral prefere, ainda mais quando não há nada de errado com estes.

    E se vocês querem uma lista crua, diversos lugares já a oferecem. Eu cito alguns aqui.

  • Fora os casos mais óbvios (homem que sente atração somente por homens, ou mulher que sente atração somente por mulheres), gays podem:
    - Sentir atração por pessoas que "se alinham" ao seu gênero, e vice-versa. Por exemplo, ume mulher agênero pode se dizer lésbique, e ume demimenino pode se dizer gay. Mas é também importante saber que nem todes es demimeninos e nem todes es mulheres agênero se sentirão desta forma! Algumas pessoas cujo gênero poderia ser considerado "alinhado" à primeira vista se sentem agrupadas injustamente com pessoas de gêneros bem diferentes caso as chamem de gays/lésbicas/homossexuais ao invés de mulhessexuais, homerromânticas e por aí vai.
    - Sentir atração por pessoas do mesmo gênero, ou com o mesmo alinhamento de gênero, mesmo sendo não-binárias. Como uma pessoa caelgênero que sente atração somente por outras pessoas caelgênero.

    Eu prefiro não utilizar o termo homossexual (e isso inclui derivados, como homossensual), porque... ah, vejam aqui. Existem alternativas também, como gay e lésbica.
  • Já hétero é uma palavra mais binária: uma pessoa hétero é de um gênero binário, e sente atração somente por pessoas de outro gênero binário. Isso porque hétero é uma posição de poder: uma pessoa agênero namorando uma pessoa genderqueer, ou até mesmo uma pessoa binária, não vai ser considerada hétero, caso as pessoas em volta tenham ciência dos gêneros das pessoas envolvidas, ou caso as pessoas aparentem ser do mesmo gênero.

  • Ok, eu vou falar de algo completamente pessoal aqui: eu detesto a palavra "sexualidade" para descrever orientações. Coloca um foco na orientação sexual enquanto a descreve como se fosse uma preferência sexual, e não uma condição para atração. Eu sei que não é isso o que significa, mas ainda me deixa um gosto amargo na boca.

    E daí, temos um termo neutro para falar disso: orientação! Assim eu posso dizer que sou poli, aro, e demissexual, sem separar como se minha orientação romântica fosse totalmente separada da sexual, e sem ter pressão em definir orientação sensual e platônica; que eu sinto, mas não sinto necessidade em definir.

    Dizer para as pessoas que existe platonicidade, alternatividade, sensualidade, sexualidade, romanticidade, esteticidade, etc. ao invés de dizer que existe uma orientação e que as pessoas podem separar se quiserem também dá a ideia de que as pessoas precisam utilizar o modelo de atração dividida, afinal estão declarando sua sexualidade ao detrimento de romanticidade, platonicidade e etc., e não sua orientação inteira!
    Sim, é importante dizer que há a opção de pessoas variorientadas se descreverem de formas separadas, mas também é importante dizer que uma pessoa não é problemática por se dizer bi, assexual, gay ou panromântica sem "dar visibilidade" para orientações que nem consegue saber se sente ou não. Que nem consegue separar de um tipo de atração só.

    Não há motivo também em separar orientações como se fossem coisas completamente diferentes. Uma pessoa birromântica que não é bissexual possui um lugar na comunidade bissexual, assim como uma lésbica, seja ela arromântica e/ou assexual possui um lugar na comunidade lésbica. Construindo uma página só para cada prefixo mostra que cada prefixo possui várias possibilidades, ao invés de agir como sexualidade fosse algo completamente diferente, o que aliena tanto pessoas de mesmo prefixo que não utilizam o sufixo -sexual (poliplatônicas, omnisensuais, etc.) quanto pessoas que vão direto só olhar a questão da sexualidade, sem ligar para os possíveis outros itens no menu.

    Isso também evita páginas repetidas, já que as definições só mudam o tipo de atração, e as bandeiras alternativas raramente são utilizadas. E tem o bônus de não excluir a possibilidade de outros tipos de orientações surgirem!
Como falei, há a possibilidade de que meu posicionamento mude, embora eu ache muito difícil que vá dividir as páginas de orientações ou priorizar a quantidade de termos ao invés do conteúdo das páginas. Mas isso é o que vale agora, e espero ter resolvido qualquer dúvida. Se não tiver, é só perguntar.


  recomendações de músicas lgbt+?
Postagem por: mimi - 22-12-2016, 07:29 AM - Fórum: Produções - Respostas (31)

título diz tudo

tenho preferência por músicas que falem de ser nb ou multi


  Como utilizar rótulos.
Postagem por: Aster - 21-12-2016, 07:33 PM - Fórum: Identidades - Respostas (2)

Você é tecnicamente uma mulher não-binária bifrayrromântica assexual mulhessensual, mas prefere dizer que é basicamente lésbica? Você tem esse direito.

Você só teve atração por pessoas de certo gênero, mas é aberte a experimentar relações com pessoas de outros gêneros pra ver se rola atração? Você pode dizer que está questionando se é multi.

Você já sentiu atração sexual, mas possui grande repulsa a sexo e a relacionamentos? Você pode dizer ser assexual/arromântique para que não te encham o saco. Ou não.

Você sente orgulho em saber que é demipanalternative quoissexual cupiorromântique? Isso é ótimo.

Você é um homem bi que não quer ter relações com mulheres por causa de algum trauma? Você pode ainda se chamar de bi, mas você também pode se chamar de gay, caso pense que o rótulo seja mais útil.

Você acha que gênero não importa em relação à sua atração, mas não sentiu atração por muitas pessoas para saber? Você pode dizer que está questionando. Pode dizer que é sans. Pode dizer que é pan. Pode dizer que é gray-assexual.

Você se sentiu ótime em saber que é poligênero-fluxo maverique/neutrois/mulher/gênero-fofo, e quer poder deixar seu gênero claro? Você tem esse direito.

Você se sentiu ótime em descobrir seu gênero, mas se sente mal por ter um rótulo tão específico e prefere algo mais curto, como gênero-fluido ou não-binárie? Você tem esse direito.

Você descobriu mais sobre sua identidade e quer mudar de rótulo? Você pode.

Sua identidade mudou e você sente que quer mudar de rótulo? Você pode.

Você não sabe como sua identidade funciona, e não tem interesse em aplicar rótulos nela? Não aplique.

Você sabe como sua identidade funciona, mas não tem interesse em aplicar rótulos nela? Não aplique.

Agora.

Você não tem o direito de menosprezar pessoas que usam rótulos (ou rótulos "específicos demais") por não compartilharem - ou quererem compartilhar - da sua identidade.

Você não tem o direito de dizer que uma pessoa deveria se identificar de outra forma porque está usando um rótulo de forma errada, sendo que o resultado final é o mesmo.

Você não tem o direito de dizer que uma pessoa não deveria usar certo rótulo porque ela não preenche o padrão certo para aquela identidade, mesmo que a identidade esteja alinhada com a atração e identidade de gênero da pessoa.

Você não tem o direito de dizer que uma pessoa precisa especificar mais sua identidade, ou que precisa especificar menos sua identidade.

Você não tem o direito de dizer que alguém tem que mudar sua identidade porque você aprendeu a definição errada daquela identidade.

Você não tem o direito de dizer que uma identidade é inútil porque ela "não importa para a sociedade".

Você não tem o direito de dizer que outra pessoa precisa mudar seu gênero ou orientação porque você ficou atraíde por ela (mesmo que você tivesse achado que essa pessoa fosse de outro gênero ou de outra orientação).

Você não tem direito de dizer que certas identidades são inúteis porque você ou outras pessoas não conseguem entendê-la.

Cada pessoa tem a capacidade de definir sua identidade por si só. Uma pessoa pode buscar ajuda caso tenha vontade de mudar de rótulo por qualquer motivo, mas reclamar de uma identidade porque ela é inconveniente para você ou pressionar pessoas a mudarem de identidade é uma atitude rude, desnecessária e discriminatória.

#desabafo