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Nossas bandeiras de orgulho |
Postagem por: Oltiel - 26-01-2018, 10:36 AM - Fórum: Identidades
- Respostas (4)
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Hey, galera, decidi criar esse tópico focado apenas nas bandeiras de nossas identidades. É apenas uma descontração e uma maneira de mostrarmos o quanto valorizamos nossas identidades. Não é obrigatório colocar todas as bandeiras. Coloquem aquelas bandeiras que vocês realmente levantam ou acham mais relevante levantar. E podem especificar os nomes delas.
Aqui estão as minhas:
Em cima: bandeira LGBT+ / bandeira não-binária / bandeira queer
Em baixo: bandeira aquileana / bandeira de homem não-binário / bandeira transexpressiva
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Ga31 - Totalmente Lésbica |
Postagem por: Human@ - 25-01-2018, 07:30 PM - Fórum: Produções
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Alguém já escutou as músicas da Ga31? Bora comentar?
Elas trazem a tona temas dos feminismos, das lesbianidades, liberias /progressistas.
O som é eletrônico e óbvio que não podia não falar de lesbianidade. Risos.
Embora essas músicas tentem desmistificar a sexualidade feminina, elas de certa forma objetificam a mulher sáfica. Mas esse é aquele mesmo velho problema dos feminismos (como desmistificar a sexualidade feminina sem acidentalmente (creio eu) objetificar as sáficas? )
mas pelo menos temos alguma manifestação da música eletrônica (que nao tem espaco no brasil) trazendo feminismos e lesbianidades, pelo menos né.
De qualquer modo , alguém já conhecia ela? esses clipes são velhos e eu não tava sabendo deles.
Aliás, as letras e os clipes pra pra quem não sacou ainda são bem eróticos e "livres"(por falta de melhor palavra ).
Batom vermelho - https://m.youtube.com/watch?v=gHn1ug-koIc
A força da mulher sapatona - https://m.youtube.com/watch?v=PdDUBsodMN4
Totalmente lésbica - https://m.youtube.com/watch?v=FRhcKy4s3HQ
Não me defina - https://m.youtube.com/watch?v=HekQ_UqPTHE
Desejar outra mulher - https://m.youtube.com/watch?v=8ERsXO6JepQ
P. S. : nunca achei que a voz do Google Tradutor fosse de uma lésbica caminhoneira convicta e orgulhosa. Haha
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Neurossexualidades são a-espectrais? (orientações assexuais) |
Postagem por: unã - 25-01-2018, 01:56 PM - Fórum: Identidades
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https://arco-pluris.tumblr.com/post/170078795637
(post ilustrativo)
Hipersexualidade (desejo sexual alto, libido alta) e intrassexualidade (parecida com altsexualidade e dissociatsexual) podem ser consideradas neurossexualidades?
Bordersexual é uma neurosexualidade especifica para borderlines / limítrofes (TPL), existe alguma para bipolares?
Descobri que tem uma para esquizo-espectrais (esquizotípiques, esquizóides, esquizofrêniques): esquizossexual/esquizorromântique.
Ainda não sei se o termo neurodivergente/neurodiversidade engloba orgulho louco (mad pride), e as definições de neurossexual não tão parecidas com as de neurogenerê.
Tem neurogeneridades que podiam ser orientações também, como gênero-nuvem, etc.
To aqui pois recentemente fiz uma lista falando sobre os espectros, pra resumir a imagem feita na Assexualidade Brasil, e que gerou muita repercussão.
https://arco-pluris.tumblr.com/post/170007797517
https://arco-pluris.tumblr.com/post/170007732497/listas-espectrais
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Imagens coloridas indicando que ofensas "menores" ainda são cis/heterossexistas |
Postagem por: Aster - 24-01-2018, 11:04 AM - Fórum: Opressões
- Respostas (16)
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Estas imagens foram feitas para ser divulgadas e repostadas, especialmente quando você não está a fim de escrever isso novamente. Prefiro que me deem crédito (Aster Sant'Anna, acompanhado ou não de orientando.org, ou link para o tópico), mas entendo que em certas situações isso pode ser difícil. Mesmo assim, em lugares como Facebook, Instagram e Tumblr, é perfeitamente possível copiar e colar um link pra cá na descrição, ou citar meu nome.
Para quem não consegue ver, todas essas imagens possuem fundos de cores claras em degradê, cada um diferente do outro. Em todas as imagens, a fonte é sem serifa (Noto Sans) e cinza. A legenda do que está em cada imagem vai ser colocada após cada imagem.
"duvidar da existência de pessoas cuja atração é fluida" / "ainda contribui com heteronormatividade"
Por quê? Heteronormatividade prega que hétero é a orientação natural, padrão, normal, válida. Uma das características da orientação hétero é que ela não é fluida, ou seja, permanece sempre a mesma. Portanto, dizer que orientações não podem ser fluidas diz que esse aspecto da orientação hétero precisa ser universal.
"duvidar da existência de pessoas cuja atração por certos gêneros é mais frequente do que por outros" / "ainda faz parte da heteronormatividade"
Por quê? Heteronormatividade prega que hétero é a orientação natural, padrão, normal, válida. Uma das características da orientação hétero é que ela sempre tem a mesma intensidade, e outra característica é que o padrão é sempre ter atração por um gênero só. Portanto, dizer que alguém não pode realmente sentir atração por mais de um gênero, ou que pode sentir desde que seja com a mesma intensidade, é usar a orientação hétero como base de como uma orientação pode ou não pode funcionar.
"duvidar da existência de pessoas capazes de sentir atração por pessoas não-binárias sem considerá-las "basicamente homens" ou "basicamente mulheres" para propósitos de atração" / "é apoiar cissexismo e heterossexismo"
Por quê? Cissexismo diz que só existem dois gêneros válidos, homem e mulher, e que esses gêneros são decididos pelo corpo com o qual a pessoa nasceu, que presumidamente vai se desenvolver de certa forma. Heterossexismo diz que as únicas atrações válidas são por mulheres (se você é homem) ou por homens (se você é mulher).
Dizer que identidades não-binárias não podem "participar" de dinâmicas de atração é dizer que essas identidades não são reais em todos os pontos, e que se uma identidade não está prevista dentro da orientação hétero, ela não pode ser inclusa em outras orientações.
"só apoiar pessoas não-binárias que definem suas identidades com termos "comuns" ou "fáceis de entender"" / "é apoiar cissexismo e heterossexismo"
Por quê? Novamente, pessoas não-binárias não são inclusas na dinâmica hétero. Porém, nem todas as pessoas não-binárias se sentem confortáveis com gay ou com lésbica, ou com serem inclusas na atração de quem se identifica como tal. É daí que vem orientações ~novas e estranhas~, como viramórique, feminamórique, urânique e netúnique. Ou até mesmo como polissexual e cetero. Dizer que essas experiências são inválidas porque não possuem base em ser uma pessoa binária atraída por pessoas binárias é dizer que deveriam estar num padrão mais próximo ao hétero, e até mesmo ao padrão cis de só existirem gêneros binários.
Quanto a gêneros, queremos poder descrever nossas experiências em detalhes, tanto para outras pessoas aprenderem que experiências de gêneros são diversas, quanto para podermos nos comparar ou contrastar entre outras pessoas não-binárias. Querer que a gente cale a boca e só usemos rótulos quando forem simples é querer que nossos gêneros fiquem mais próximos à norma cis do que é gênero, ou só sejam descritos como tal.
Definições das orientações às quais me referi mais cedo:
Viramórique: Uma pessoa não-binária atraída somente por homens.
Feminamórique: Uma pessoa não-binária atraída somente por mulheres.
Urânique: Uma pessoa atraída por homens, pessoas sem gênero, e outras pessoas não-binárias desde que elas não tenham conexão com feminilidade ou com o gênero mulher.
Netúnique: Uma pessoa atraída por mulheres, pessoas sem gênero, e outras pessoas não-binárias desde que elas não tenham conexão com masculinidade ou com o gênero homem.
Poli-: Uma pessoa atraída por vários gêneros, geralmente mais de dois, não necessariamente todos.
Cetero-: Uma pessoa atraída somente por pessoas não-binárias. Geralmente, esta orientação é vista como exclusiva para pessoas não-binárias.
"reclamar da liberdade de escolher entre vários pronomes e finais de palavra, além de ele/o e de ela/a" / "faz parte de apoiar cisnormatividade"
Por quê? O/ele/o e a/ela/a são conjuntos geralmente associados aos gêneros homem e mulher, respectivamente. Nem todas as pessoas que os usam são homens ou mulheres, mas ainda assim: esses conjuntos, os únicos vistos como válidos dentro da língua, são associados aos únicos gêneros vistos como válidos.
Embora pessoas não-binárias geralmente não queiram associar linguagem a gênero, e defendem que pessoas podem usar qualquer linguagem independentemente de seus gêneros, muitas vezes tentam nos empurrar a ideia de que devíamos "simplesmente" concordar em um conjunto só, para ser tanto usado de forma neutra (quando há pessoas de mais de uma linguagem envolvidas, ou quando você não sabe a linguagem de alguém), quanto para todas as pessoas não-binárias que não querem usar o/ele/o ou a/ela/a.
Ou seja, nós, que temos uma pluralidade imensa de identidades e de experiências de gêneros, temos que nos contentar com um conjunto de linguagem, que não seria nem exclusivo para se referir a pessoas como nós, enquanto pessoas binárias podem ter conjuntos diferenciados entre si. Tudo isso porque acham que modificar o uso da língua para que possa existir uma gama maior de pronomes, artigos e finais de palavra é trabalho demais, ainda que a diferenciação entre conjuntos original tenha sido obra de pessoas binárias.
A ideia de restringir o que pessoas não-binárias podem ou devem ter de conjuntos é definitivamente cisnormativa. Afinal, não afeta pessoas cis.
"reclamar de pessoas usando palavras mais específicas para descrever suas experiências, justificando que elas "dividem o grupo"" / "só mostra que você é incapaz de aceitar pessoas diferentes de você, e incapaz de aceitar que outres também sofrem sob o mesmo sistema"
Por quê? Por exemplo, se uma pessoa prefere o termo pan ao termo bi, porque sente atração independentemente do gênero e quer colocar ênfase nisso, isso não significa que nega que alguém com a mesma experiência poderia se identificar como bi. Só significa que achou outro termo mais confortável para si.
Agora, se o grupo bi local nega que há qualquer necessidade de termos para pessoas multi além de bi, diz que se identificar como poli ou como pan é frescura ou anti-bi, e insiste que é necessária uma unidade bi, a pessoa pan tem todo o direito de não se sentir confortável com essa retórica e deixar o grupo. E isso não é culpa da pessoa que escolheu um termo diferente, e sim do grupo que criou ideias sobre o que a rejeição do seu termo significa, e que criou a ideia de que pessoas de termos diferentes são inimigas.
É isso o que acontece com várias identidades mais específicas. Elas não são um ataque ou uma negação ao termo mais geral, mas se a comunidade mais geral só se importa com quem se identifica exatamente da maneira que querem, ao invés de tentar incluir e deixar pessoas de identidades similares, mas diferentes, confortáveis, as pessoas de identidades que estão sendo atacadas ou ignoradas vão deixar o grupo, e possivelmente guardar rancor também.
"agir como se "todas e todos" incluísse todas as pessoas" / "contribui com a cisnormatividade"
Por quê? Nem todas as pessoas não-binárias usam a ou o como finais de palavra. "Todas e todos" dialoga com todas (ou pelo menos com quase todas) as pessoas cis, enquanto ignora muitas pessoas não-binárias; ou seja, uma parcela que só tem pessoas que não são cis.
"agir como se existisse uma orientação "base" ou "padrão", ainda que não seja hétero" / "ainda contribui com a heteronormatividade"
Por quê? A heteronormatividade é que impõe que existe uma orientação que todas as pessoas são, até que "viram" algo diferente. Trocar a ideia de que todo mundo é hétero até que prove o contrário, ou até que a pessoa seja influenciada por outra coisa, pela ideia de que todo mundo é bi, pan, assexual, ou de outra identidade, até que aconteça algo, perpetua uma ideia similar, especialmente a quem não é da "orientação padrão" escolhida.
"usar "sexo biológico" ao invés de gênero designado ou atribuído quando se trata do que foi colocado na certidão de nascimento" / "contribui com a cisnormatividade"
Por quê? A ideia de que certos corpos precisam ser denominados como fêmeas/mulheres/meninas/femininos ou de que certos outros corpos precisam ser denominados como machos/homens/meninos/masculinos, quando utilizamos essas mesmas palavras para descrever gêneros (ou papéis de gênero, ou expressões de gênero, ou elementos de gênero, etc.), perpetua a ideia de que é o corpo que define gênero, até que seja provado o contrário. Esta é uma ideia cisnormativa.
"negar que pessoas possam ter suas identidades afetadas por fatores como trauma, neurodivergência, cultura ou intersexualidade" / "é negação da natureza da construção da identidade, e contribui com hetero/cisnormatividade"
Por quê? Novamente, a ideia que a hetero/cisnormatividade perpetua é que você nasce de certo corpo, tem um gênero baseado nesse corpo, e sente atração somente pelo gênero baseado no outro corpo. Isso ignora que fatores da vivência da pessoa podem afetar muito mais a construção do gênero, ou até da orientação, do que "nascer assim".
Não é como se a maioria das pessoas pudesse ter suas identidades facilmente moldadas, e não é como se todas as pessoas intersexo, neurodivergentes, etc. etc. não sejam de seu gênero designado e tenham seu gênero afetado por isso, mas é algo que pode acontecer. E dizer que essas pessoas precisam de "cura" para que suas identidades sejam "normais" e "puras" não apenas não é realista, como também contribui com o ideal cis/hétero de que você precisa nascer com sua identidade, e de que só certas experiências são válidas.
Se você quer fazer ou faz tratamento para poder lidar melhor com neurodivergência, trauma, disforia ou até mesmo com opressão por si só, não há nenhum problema! E há a possibilidade de que sua identidade possa mudar quando você conseguir ter outra perspectiva de vida. Porém, também há a possibilidade de que sua identidade não mude. Essas coisas são complicadas, não se force a tentar ter alguma identidade que não parece encaixar porque ela seria "melhor" para você.
Por enquanto, é isso aí.
Eu tentei utilizar uma linguagem menos específica, não só pelo espaço, mas também pelo impacto. Coisas que só afetam pessoas não-binárias poderiam ser colocadas como exorsexismo, mas eu sei que a maioria não sabe ou não liga para exorsexismo por si só, enquanto ignorar cissexismo/cisnormatividade já é uma ofensa mais grave em círculos ativistas.
Mesma coisa para orientações: muita gente olha torto para a palavra monossexismo, mas também ignora que não são só pessoas gays e lésbicas que sofrem com heterossexismo/heteronormatividade. E que não ser hétero pode envolver muito mais do que ter atração pelo mesmo gênero.
Provavelmente vou fazer mais depois, e aceito sugestões também.
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TERFs e pessoas intersexo [diadismo, cissexismo, transmisoginia, genitais] |
Postagem por: altedude - 22-01-2018, 05:11 PM - Fórum: Opressões
- Respostas (1)
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Me desculpem por outro tópico sobre TERFs, é só que na pesquisa sobre a Simone acabei me deparando com esse texto. Eu não tô a fim de traduzir ele inteiro, mas é legal o que uma pessoa intersexo acha dessas coisas.
Os pontos do texto são:
- Algumas pessoas intersexo elogiaram um certo grupo "crítico de gênero", e OP foi ver o que era. Mas se decepcionou, por motivos óbvios.
- Essas pessoas intersexo provavelmente simpatizam com TERFs porque "criticar gênero" parece algo interessante do ponto de vista de quem desvia do que é esperado para cada gênero, e de quem luta por ter sua anatomia natural mais respeitada do que a designação de um gênero.
- Muitas pessoas intersexo não se sentem confortáveis com as aplicações genéricas de cis e trans, e TERFs também não gostam do termo cis, outro ponto que poderia ser visto como em comum.
- Muitas TERFs possuem publicações mainstream onde suas visões são colocadas como razoáveis, e, sem saber pelo que pessoas trans lutam e como pessoas trans falam de privilégio cis, pessoas trans podem ser pintadas como inimigas do progresso que querem que todes se conformem com normas de gênero e tal. Pessoas intersexo sem contato com comunidades trans podem ver pessoas trans como inimigas por conta disso.
- TERFs ao menos concordaram que uma atleta ipsogênero com níveis altos de testosterona deveria poder competir em eventos esportivos femininos por ter cromossomos XX, vulva e criação como mulher, e que cirurgias de "correção" da genitália no nascimento são mutilação e não deveriam ser feitas.
Agora sim, eis os problemas:
- TERFs acreditam que o binário de sexo existe, e que pessoas intersexo são um transtorno e portanto não deveriam contar como sexos diferentes dos diádicos. Não querem que façam intervenções cirúrgicas, mas querem que bebês intersexo sejam examinados para que o "sexo correto" seja colocado na certidão. O sexo correto, segundo elas, seria ou relacionado à capacidade reprodutiva ou, se isso não fosse possível (o que acreditavam que era o caso na maior parte das vezes), com base nos cromossomos (lol).
- TERFs não perceberam que seus cenários de "sexo verdadeiro" envolveriam mulheres inférteis com útero e cromossomos XY ou transição de gênero forçada, assim como mulheres com pênis... coisas que TERFs acreditam que não poderiam existir, já que acham que o que define os "sexos" é que homens querem controlar os úteros das mulheres usando seus pênis.
- TERFs acreditam que a remoção do sexo em documentos, ou que a correção fácil a partir de certa idade para que pessoas possam escolher entre M, F ou entre uma categoria não-binária, são ideias ruins. Acham que isso confundiria a criança, fazendo ela achar que pertenceria a "outro sexo", enquanto diziam que "pessoas intersexo de verdade" se identificam como homens ou mulheres. Portanto, isso seria ruim para crianças intersexo, e só seria bom para as "fantasias" de pessoas trans e não-binárias.
- TERFs consideram a questão intersexo um desvio do assunto, porque pessoas intersexo são "raras demais", enquanto "mulheres de nascimento" são metade do mundo, sob a ameaça de "homens que tentam entrar em espaços de mulheres", e portanto questões intersexo deveriam ficar de lado.
- Informaram OP que TERFs não possuem paciência com o "desvio intersexo" porque só "homens" (mulheres trans) o usam para negar que genitais definem o binário imutável de gênero, que mulheres de nascimento são oprimidas, blá blá blá. Ignoraram que OP é uma pessoa intersexo que não é uma mulher trans.
- Também disseram para OP que a maioria das pessoas que se dizem intersexo são pessoas trans fingindo serem intersexo, e que a "pequena minoria de pessoas que são intersexo de verdade" estão sendo usadas por mulheres trans e deveriam odiar pessoas trans. OP diz que essa desinformação sobre a maioria das pessoas intersexo serem falsas não contribui com a causa, e que é capaz de analisar quem está se aproveitando da causa por si mesmo.
- TERFs usam a ideia de que cirurgia em bebês intersexo é ruim para dizer que crianças trans não deveriam "transicionar de forma forçada", sendo que isso ignora que esses casos são simplesmente para as crianças serem avaliadas em relação à sua identidade de gênero, sem envolver hormônios ou cirurgias, no máximo mudança do marcador de gênero nos documentos, mudança na linguagem e diagnóstico oficial. Isso ignora que estes casos são uma validação do que a criança quer, e não algo forçado.
Resumindo, OP foi informado de que políticas "críticas de gênero" poderiam ser úteis para pessoas intersexo, e participou por dias de um grupo desses. Encontrou um monte de transmisoginia, negação do que pessoas trans de qualquer gênero vivem, e insistência de que pessoas intersexo possuem algum transtorno. Disseram pro OP que a maioria das pessoas que se dizem intersexo são pessoas trans fingindo ser intersexo para avançar sua meta de fazer com que as pessoas respeitem identidade de gênero e parem de se fixar na genitália. Se apropriaram de uma bandeira da causa intersexo para reclamar de responsáveis que apoiam suas crianças trans. O veredito é que TERFs são péssimas aliadas da comunidade intersexo.
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Sobre aquela citação da Simone de Beauvoir [cissexismo, transmisoginia] |
Postagem por: altedude - 22-01-2018, 04:00 PM - Fórum: Opressões
- Respostas (7)
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Sabem aquele negócio que vivem citando como se fosse uma defesa de pessoas trans, "não se nasce mulher, torna-se mulher"?
Alguém aí consegue confirmar se isso era realmente uma defesa de pessoas trans, e não uma defesa da teoria TERF sobre a socialização construir o gênero?
Fui pesquisar se a Beauvoir era radfem ou não, e não conseguir achar nada conclusivo.
Achei muitas TERFs usando aquilo para falar de "socialização". Dizendo que o que torna alguém mulher é uma pessoa ser criada como mulher e chamada de mulher, e o mesmo pra homens. Achei elas falando sobre como obviamente Simone era uma delas, enquanto também achei blogs trans dizendo que o que ela fala justifica a causa trans.
Eu não vou citar pra não dar audiência, mas essas são algumas das ideias ditas:
- Dizer que a frase de Beauvoir se aplica a algo além da socialização deve fazer ela se revirar no túmulo
- Como feministas radicais defendem a ideia de que gênero é construído socialmente, Simone de Beauvoir seria "gender critical"
- Beauvoir seria neutra em relação a questões trans, ela se importava mais com as consequências sociais de uma pessoa criada como fêmea (???)
- Beauvoir pode ser considerada uma das primeiras feministas radicais
- Considerar gênero como algo diferente de "normas de sexo" foi um erro cometido pela Simone de Beauvoir, mas era isso que ela queria dizer
Alguém aí saberia dizer com mais propriedade se a citação é cissexista ou não? Se for, seria legal o pessoal trans parar de usar ela tanto, né :/
Ideia relacionada: dá pra chamar TERFs de FREPTs (Feministas Radicais Excludentes de Pessoas Trans) e TWERFs de FREMTs (Feministas Radicais Excludentes de Mulheres Trans).
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Gênero em animais |
Postagem por: Oltiel - 21-01-2018, 09:34 PM - Fórum: Conjuntos de Linguagem & Aplicações
- Respostas (8)
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Bora começar o ano com uma coisa polêmica. É correto colocarmos gêneros em animais, principalmente nas espécies sexuadas, onde temos a predominância de uma anatomia sexual testiculada e uma anatomia sexual ovariada?
Está claro que nossos conceitos de gênero, principalmente homem e mulher, são construções humanas. Com certeza nenhuma espécie além da humana compreende isso, embora espécies mais intelectualmente desenvolvidas como primatas chegam a ter "papeis" separados em função do sexo biológico. Se os animais têm noção de que são "macho" ou "fêmea", ou mesmo "[palavra estigmatizada diadista]", não temos como saber. Mas ainda assim penso que alimentamos a cisnormatividade no momento em que usamos linguagem o/ele/o para animais testiculados e a/ela/a para ovariados - afinal estamos impondo um gênero binário de acordo com o sexo biológico.
Sei que é um tanto difícil agora parar de usar essas linguagens nos animais. Mas pensei que uma alternativa talvez adequada dentro de tudo isso poderia ser, por exemplo, o pronome elu. Usar a linguagem -/elu/e ou e/elu/e para os animais de qualquer sexo.
E aí, o que vocês pensam disso?
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Conceito: Reducionismo de gênero |
Postagem por: Aster - 12-01-2018, 01:10 PM - Fórum: Opressões
- Respostas (4)
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Este é um conceito que acabo não encontrando muito em ambientes lusófonos porque não há muita discussão sobre questões não-binárias nestes ambientes, mas acho que é inevitável que aconteça em algum ponto. E é um conceito que partiu de discussões que estão em alta nas comunidades não-binárias anglófonas do Tumblr ultimamente.
Reducionismo de gênero é a ideia de que pessoas podem ser colocadas em duas categorias, em relação a gênero.
É algo que reforça exorsexismo e cissexismo, mas é algo específico dentro disso, assim como maldenominação é algo específico dentro de cissexismo.
Muitas pessoas - inclusive pessoas não-binárias - tentam adaptar a não-binariedade a um mundo binário de forma sutil, que até pode ser vista como progressista ou desconstruída certas vezes. Muitas vezes, quem reforça essa ideologia aceita que mulheres trans são mulheres e que homens trans são homens, ao menos na teoria, e podem até aceitar que pessoas não-binárias possuem múltiplas possibilidades de como se identificar e de como experienciar gênero. E é por isso que esse é um tipo específico de exorsexismo.
Porém, essas pessoas ainda querem empurrar a ideia de que, em relação a gênero, só existe um grupo "oprimido", relacionado a mulheres e à feminilidade, e um grupo "opressor", ligado a homens e à masculinidade.
Podem também não estar falando em relação a isso, mas ainda tentando dizer que "no fim" existem duas categorias de pessoas.
Estas são atitudes reducionistas de gênero:
- Ignorar que pessoas podem ser homens e mulheres ao mesmo tempo (ou até mesmo em tempos diferentes), negando que certas pessoas deveriam ter tanto acesso a comunidades de mulheres quanto a de homens;
- Tentar dizer que "na prática, pessoas não-binárias precisam se alinhar a um gênero binário e viver socialmente como ele", seja para justificar que orientações que cobrem pessoas não-binárias são inúteis, seja para justificar que pessoas precisam aceitar usar o/ele/o ou a/ela/a, seja para outros usos;
- Presumir que todas as pessoas não-binárias são transmasculinas, transfemininas, ou completamente sem disforia ou vontade de se separar da ideia do seu gênero designado;
- Presumir que qualquer pessoa que tenha algum tipo de relação com algum gênero binário seja "basicamente binária", devendo querer o tratamento de uma pessoa binária, sendo 100% confortável com um corpo e com uma linguagem binária, etc.;
- Presumir que qualquer pessoa não-binária que não se considere de uma identidade próxima ao gênero feminino não tenha qualquer uso para espaços feministas ou de mulheres, e que se tentarem entrar em algum estão sendo "machos predatórios", ainda que não sejam nem queiram ser reconhecidas como homens;
- Presumir que pessoas que usam o/ele/o são basicamente homens, e que pessoas usando a/ela/a são basicamente mulheres, ainda que digam que sua identidade é igualmente de ambos esses gêneros, ou que não é de nenhum desses gêneros, ou que é mais próxima do gênero "oposto" ao que foi considerado.
Resumidamente, reducionismo de gênero é uma prática: - Muitas vezes praticada por pessoas que dizem apoiar pessoas trans e não-binárias,
- mas que são pessoas que não querem ter que lidar com relações complexas que pessoas não-binárias podem ter com o sistema cissexista de gênero,[/li]
- e que portanto tentam categorizar pessoas não-binárias como "praticamente mulheres" ou como "praticamente homens", algumas vezes associando as primeiras a "vítimas" e as segundas a "opressoras", de forma parecida com retórica radfem.
ref.
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