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  Experiências & dicas que as pessoas não falam
Postagem por: Aster - 13-12-2017, 11:09 AM - Fórum: Identidades - Respostas (3)

Poste aqui suas experiências com suas identidades, e dicas para que as pessoas consigam entender melhor suas identidades que você gostaria que tivessem te dado / que você é grate por terem te dado!

(As seguintes experiências/dicas podem servir para identidades além das minhas.)

Demissexual:

  • A "conexão especial" necessária para atração não é obrigatoriamente amor, nem namorar, nem amizade.
    Até pode significar isso para certas pessoas, mas a conexão pode ser mais abrangente ou menos abrangente dependendo da pessoa, e muitas vezes não pode ser descrita facilmente como certa categoria. Para mim, sempre foram pessoas próximas emocionalmente que admiro de certa forma. Tem gente que só precisa de convivência diária. Tem gente que só sente atração depois de um tempo dentro de um relacionamento amoroso. Vai de cada pessoa, e monogamia ou atração romântica não são pré-requisitos para ser demissexual.
  • É possível sentir atração sexual sem sentir atração romântica.
  • É possível sentir atração romântica sem sentir atração sexual.
  • É possível ser assexual, ou estar no espectro assexual, e fantasiar sobre sexo. O que conta é a atração.
  • É possível sentir atração por algumas pessoas e ainda se considerar basicamente assexual. O que conta é que essas atrações são exceções (ou não tão relevantes de alguma forma, se você é de outras identidades do espectro assexual).
  • Não existe "orientação padrão", e você não é obrigade a especificar a qual ou quais gêneros você tem a capacidade de sentir atração por. Você pode ser só demi, e você pode dizer ser bidemi, héterodemi, pandemi, lésbica demi, etc.

Arofluxo:
  • Atração romântica pode não acontecer o tempo todo para a maioria das pessoas, mas se você não sente atração romântica por boa parte da vida (e/ou se ela ocorre por poucas pessoas, sempre deixa de ocorrer após pouco tempo, etc.), não há vergonha em dizer que você faz parte do espectro arromântico.
  • Você tem uma identidade fluida? Tabelas são suas amigas. Você pode colocar tudo o que experiencia ou pensa experienciar em uma lista, e com o tempo ir refletindo se aquela lista faz sentido ou não. Ou pode diariamente fazer uma lista do que pensa que é sua identidade, e ver o quanto isso muda com o tempo.
  • Você não precisa ter 100% de certeza que um rótulo se aplica a você. Você pode ter uma ideia geral, usar um rótulo, e depois mudá-lo se descobrir um que serve melhor.
  • Você pode sentir atração romântica por gêneros diferentes de sua orientação sexual, mesmo que você esteja nos espectros assexual e arromântico.
  • Sua orientação é sua. Você pode escolher revelar mais ou menos detalhes. Você pode escolher as palavras que você usa ou não usa.

Multi:
  • Deixe suas opções abertas. Talvez sua identidade seja mais específica do que você pensa.
  • Você provavelmente tem outras opções além de multi. É você quem escolhe se quer usar elas ou não. Não deixe ninguém te forçar a usar outra coisa, e não force ninguém a usar outra coisa.
  • Você não é obrigade a saber todos os gêneros que você tem capacidade de sentir atração por, ou como você sente atração. Você sente atração por mais de um gênero, incluindo gêneros não-binários, você pode ser multi.
  • Você não precisa ter atração igual a todos os gêneros pelos quais você se atrai para ser multi.

Inavire:
  • Você pode separar relação com homem/mulher de relação com masculinidade/feminilidade. Você pode ser uma dessas coisas sem ser outra.
  • Gostos e aparência desejada =/= gênero.
  • Visualizar o gênero pode ajudar.
  • Se você não consegue visualizar, pense em qual ou em quais rótulos você se sente confortável em ser chamade. Se você não se sente confortável com o rótulo andrógine para seu gênero, você provavelmente não é andrógine, por exemplo.
  • Você pode revelar mais ou menos do seu gênero de acordo com as circunstâncias.
  • Existem diversos rótulos para gênero. Procure listas ou ajuda caso você esteja questionando sua identidade de gênero.
  • Conjuntos de linguagem são seus, não do seu gênero. Use o que você se sente melhor usando, não o que outras pessoas acham mais adequado para seu gênero.


  outro tópico sobre siglas/nomes
Postagem por: mimi - 05-12-2017, 10:29 AM - Fórum: Identidades - Respostas (6)

eu acho interessante o que @loren e @tathsantanna estão trazendo no tópico de apresentações, mas quero trazer para fora do contexto de apresentações também.

o que vocês consideram a comunidade de vocês? o que vocês não consideram a comunidade de vocês?

honestamente, desses tempos pra cá, eu cansei da sigla.

as pessoas esquecem do +, ficam sem paciência de estender além do T.

usam a sigla para seus próprios propósitos, excluindo/incluindo quando é conveniente.

usam a sigla para dizer quais identidades são importantes/relevantes, deixando um monte de buracos no conhecimento geral.

eu estou usando só queer, porque é uma palavra mais conhecida e fácil de justificar do que uma sigla como MOGAI num contexto em português.

e, quem não se considera queer... tudo bem. só digo que minhas questões são queer, que minha comunidade é queer. questões podem afetar múltiplas comunidades sem que elas todas tenham que ser consideradas a mesma.

ps: sem ódio, plz? eu não estou dizendo que todo mundo que usa LGBTQIAPNO+ ou qualquer coisa parecida está manipulando ou sendo excludente, e acredito que ninguém desse fórum esteja fazendo isso. é só um padrão que vejo, assim como tem o padrão de pessoas bi forçando outras pessoas a pensar em bi como um termo guarda-chuva e isso não significa que toda pessoa bi é assim.


  Termos inclusivos para diversidades plurais (multissexualidades)
Postagem por: unã - 04-12-2017, 01:33 AM - Fórum: Identidades - Respostas (3)

Criei recentemente um grupo chamado diversidades plurais, onde na verdade não trato pessoas multi como diverso plurais, mas sim como pluriafetivas.
Diversidades plurais e pluriafetividades parecem englobar também poliamor, biamor, panamor, etc, mas o motivo era pra englobar plurissexualidades, plurirromanticidades, plurissocialidade, pluriplatonicidade, plurissensorialidade, plurialterosidade, pluriemocionalidade e o que for possível dos tipos de atrações.

Sabe-se que usam termos em inglês como multisexuality e multigender para englobar bi-poli-oni-pan. Existe gente que interpreta como bi como se fosse poli, tanto que vi uma bandeira bigênera com referências a poligênera.
Porém vejo que há sim um espectro poliafetivo, mas o conceito é outro e nem todes se sentem bem com isso, da mesma forma que não posso chamar tode pan de bi.

No Brasil, a comunidade bissexual tenta chamar de monodissidentes e dissidências sexuais como nomenclaturas inclusivas de afetividades fluídas, bi, pan, variorientações etc. Mas eu zelo pela etimologia das palavras, monodissidência seria o mesmo que não-monoafetive, e particularmente a-spec pode ser não-mono, visto que é uma não-binaridade de orientação, porém há sim um espectro cinza que pode ser monoafetividade. Fora que vi gente de "militância performativa" com críticas pesadas contra orientações cruzadas e (a)romanticidades, chamando de dissidências sexuais tudo isso. Ainda não me contemplo muito com monodissidentes.

E pluri- mais usade em línguas latinas, mas que me soa menos esquisite que multi-, lembra coisas muito padronizadas tipo multinacional, multiuso, etc.
Pluriatração e multiatração também seriam alternativas.

Então pra mim, existem espectrais: monoafetives, a-afetives, e pluri/multiafetives. Embora a-afetive remete a inatividade e desafeto, mas não significa que não são capazes de amar, visto que amor é subjetivo. Outra que -filia não cola.

Existem pessoas de orientações flexíveis como heteroflex, homoflex, ceteroflex, biflex, triflex, etc. que não se consideram multi ou não-mono. Existe uma não-binaridade pra isso? Que englobe?

Outra questão: indefinidades, como quoi, pomo, xum, apa, etc, como podem ser vistas nessa comunidade?! A comu pomossexual se trata como uma não-binaridade de orientação, mas não diz se é mono ou não. Fora que els tem um conceito ruim de que todes us indefinides estão num "pomo-spec", e no pomoimpla tratam pósmod como se fosse futurístique.


  Nova seção de perfil: Onde encontrar*
Postagem por: Aster - 20-11-2017, 01:35 PM - Fórum: Fórum - Respostas (1)

* Se alguém tiver ideia de nome melhor, avise.

@l00ki me perguntou sobre um campo de localização no perfil. Sei que nem todo mundo quer revelar esse tipo de informação, então coloquei um campo bem simples e opcional. Você pode colocar sua cidade, seu estado, sua região e/ou seu país: você pode escolher o quanto você quer revelar e para quem, mesmo que você escolha compartilhar sua localização.

Aproveitei e também coloquei opção de site e de perfis. Você pode colocar um site (de algum projeto que você participa, ou seu site profissional, por exemplo), e mais 4 páginas de perfil, do que você quiser. Você pode botar Twitter, Tumblr, Facebook e Instagram, mas você também pode colocar AO3, Mastodon, Dailymotion e Disqus. Depende do que você quer divulgar. Se isso não for suficiente, dá pra colocar um link para uma página/postagem onde você divulga seus outros perfis.

Para editar tudo isso, clique na aba Onde encontrar, na página de edição de perfil:

[Imagem: zvkEi5w.png]

Eu sei que as descrições se repetem após a opção da privacidade, mas não sei como consertar isso. >_>


  'todes somos ____' / '____ presente'
Postagem por: mimi - 17-11-2017, 01:10 PM - Fórum: Opressões - Respostas (1)

essas expressões do título me incomodam.

ainda que pessoas possam ficar tocadas com alguma tragédia que aconteceu em outro lugar, com outras pessoas... só quem estava lá que viveu aquilo.

talvez a intenção seja dizer que nós como sociedade devemos sofrer junto e ajudar? mas mesmo assim...

como alguém neurodivergente de baixa empatia, me parece um guilt tripping pra fazer com que outras pessoas sofram junto e por meio desse sofrimento ajudem a causa, sendo que vendo as pessoas que não são afetadas fazendo isso só parece algo superficial, uma modinha do momento,

aquelas pessoas cis brancas vão esquecer os nomes de todas as pessoas transfemininas negras que falaram que eram para parecerem aliadas mais próximas da causa, e vão continuar justificando piadas transmisóginas ou porque não conseguem usar a/ela/a para pessoas trans ~fora dos padrões~

aquelas pessoas que falam sobre a importância de usar filtros de facebook em solidariedade à causa da semana não vão levar aquilo pra suas vidas ou mesmo ajudar substancialmente as vidas afetadas por aquilo

fora que essas frases são tão usadas que perdem qualquer emoção que tinham inicialmente :/

tl;dr ver: do meu ponto de vista, parece que quem inventou essa ideia quis emocionar pessoas não afetadas, e quem compra a ideia parece estar só apropriando uma causa que não é sua para ganhar 'pontos de ativista' sem realmente fazer nada substancial

ahh yeah, aproveitando o assunto do tópico, o crowdfunding pra casa do Rafael Braga está em seus últimos dias


  Invés de LGBTfobia o que usar? Dialocishet- ou diállocisheterossexismo?
Postagem por: unã - 16-11-2017, 01:34 PM - Fórum: Opressões - Respostas (5)

Muitos ativistas intersexos tentam parar de usar o termo diádico pois diz reforçar o binarismo, perisex/perissexo não usam mais (acho que confundiam com periorientade), agora endosex/endossexo, porém lembra endosexual, que seria "feminista" não-intersec (terfistas) ou fetichista por gordes (endomorphic).
Vi que usam também um termo na botânica como unisexual para plantas [palavra estigmatizada diadista] e bissexuais, porém existe uniatração (por uma pessoa só) e unisex/unissex, tornando tudo mais confusx ainda.
Ainda acho OK falar diadismo e diadicidade.

Quanto ao zed/zsexismo invés de alossexismo acho legal, mas alo foi bem reapropriado por aspecs (pessoas de espectro a-), mas se forem ver alossexual já significou tanto LGB quanto hts historicamente falando.

Exorismo / exorsexismo estariam incluídos com o di- (de dues) como um binarismo de sexo (tanto biológico quanto psicossocial), mas ainda acho enby/nbfobia válide e preferível.


  Venus-, Mar- e Terra-
Postagem por: unã - 16-11-2017, 12:50 PM - Fórum: Identidades - Respostas (3)

Tinha postado no grupo Non-Binary Gender Pride, e existem orientações espaciais (não sei pq só pra nbs but ok), como venusique, martique, terrique. Achei interessante, pois pessoalmente, é complexa a tradução de orientações como muié- e omi-, mas nem todes são atraídes por nbs de identidades "binárias" (f/m), sendo realmente mono-. Também acho legal as orientações como aquílicas (achillean) e sáficas ou sápficas (sapphic).
Só achei chata a terraric, eu como ceteroflexível, não me sinto comtemplade com, acho que Mercúrio, Saturno, etc representariam melhor.

Galeria de várias orientações baseadas em gênero


  Decisões, decisões.
Postagem por: altedude - 13-11-2017, 09:44 PM - Fórum: Identidades - Respostas (2)

Quando eu entrei no fórum, fiz um tópico sobre não saber minha orientação. Eu me decidi por usar multiquoi, multi pela atração por múltiplos gêneros, quoi por realmente não entender nada.

Eu não me sinto diferente em relação a isso. Se eu sinto atração, parece que só vai até um certo ponto. Daí eu não sei se é disforia, se sou akoi/lith, se o que sinto é atração platônica/estética e sou aroace, se é uma atração fraca que faz de mim moll/gray/caligo, se algum dia vou sentir atração forte e assim ser uni/oligo/demi/spike.

E eu não tenho nenhum tipo de asco ou ódio contra esses termos, ou contra pessoas que os usam. Também apoio 100% quem usa propeest ou myr. E não guardo rancor contra a identidade quoi.

Mas, no meu caso? Eu acho que é melhor para mim ter um rótulo mais vago, para parar de me preocupar sobre o rótulo certo. Veja só, não é que alguém me obriga a usar um rótulo, ou me pressiona para manter o mesmo rótulo sempre. É que EU quero ter algo pra me descrever, é que EU quero ter uma comunidade e crescer sem medo do que acontece se eu mudar minha orientação ou minha opinião sobre ela.

Por conta de toda essa minha confusão, vou passar a me identificar como pomo. Vou usar pomossexual porque a palavra parece mais formal e o povo reconhece como orientação.

E, como todo demônio MOGAI que espalha por aí a ideologia de gênero, eu vou endoutrinar vocês para que sejam pomossexuais também! MUAHAHA

Ok, falando sério, eu quero falar das vantagens da minha identidade, porque pode ter gente como eu em cima do muro sobre usar o termo ou não.

1! É uma versão de queer que ninguém vai reclamar.

Ao contrário de queer, que recebe uma penca de reclamações (é xingamento, é em inglês, é só fachada pra bissexuais que sentem vergonha do termo, é só pra hétero que quer infiltrar a comunidade), pomo não possui estigmas tão formados, e também possui a conotação "eu provavelmente estou fora das caixas convencionais".

2! Pomo possui uma comunidade, ainda que pequena.

Daqui:

Amino: http://aminoapps.com/c/Pomosexual
Deviantart: https://pomosexuall.deviantart.com/
FandomWiki: http://pomosexual.wikia.com/wiki/Pomosexual_Wiki
Facebook Group: https://www.facebook.com/groups/pomopride/
Instagram: https://www.instagram.com/pomosexualpride/
Tumblr: http://pomosexualpride.tumblr.com
Twitter: https://twitter.com/Pomosexuall
Website: http://www.pomosexuality.org
Reddit: https://www.reddit.com/r/PomosexualPride/

3! Pomo é um termo guarda-chuva

Pessoas com, novi, e de outras orientações "complexas demais para entender/explicar" podem usar o termo e espaços pomo.

4! Pomo é uma rejeição de categorias.

Você sente que sua orientação não pode ser descrita com algum rótulo existente? Você não quer usar os rótulos existentes para sua identidade por algum motivo? Você sente que sua orientação não pode ser separada de outras identidades suas, a ponto dos rótulos tradicionais frustrarem você? Parabéns, você pode ser pomo!

5! Pomo significa pós-moderno. Portanto, tem uma vibe pós-modernista ao redor de pomo.

[Imagem: giphy.gif]
[Imagem: tumblr_owrrdh7jrR1wrdix8o3_400.jpg]


  8 de novembro - Dia da Solidariedade Intersexo
Postagem por: Aster - 08-11-2017, 01:03 PM - Fórum: Opressões - Sem eespostas

Postagem do FB Visibilidade Intersexo:

https://www.facebook.com/visibilidadeint...5206582805

Eu não preparei uma postagem pra hoje assim como preparei a do dia 26, então vou só deixar aquela postagem em destaque até o dia de hoje.


  TODXS Embaixadorxs - Follow-up do programa
Postagem por: Aster - 07-11-2017, 07:03 PM - Fórum: Identidades - Respostas (5)

Eu vou falar sobre tudo o que aconteceu no programa, então já aviso que esse texto será meio longo. Vou colocar um resumo no fim, para quem não se importar com detalhes.

Para quem não sabe, TODXS Embaixadorxs é um programa da TODXS com o objetivo de capacitar pessoas jovens para que façam projetos que ajudem a comunidade LGBTQIAPN+ do Brasil. Na prática, isso significa que tivemos aulas e trabalhos para fazer, e depois orientações para elaborarmos um projeto que tenha algum tipo de aplicação prática.

Por exemplo, uma das pessoas do programa planejou uma casa de acolhimento para pessoas LGBTQIAPN+ (o projeto já está em andamento btw), outra planejou um curso de formação sobre identidades LGBTQIAPN+ focado em crianças e professories do ensino fundamental e outra planejou um curso de formação para profissionais da área da saúde focado em saúde intersex. Foram ao todo 18 projetos, se eu não me engano de 21 pessoas diferentes; a turma era de 26 pessoas, mas algumas pessoas não ficaram até o fim do programa.

Como esse ano foi a primeira turma, eu não duvido que o programa mude bastante mais pra frente. Estou contando minhas experiências, não garanto que vão acontecer as mesmas coisas em turmas futuras.

Enfim, vamos por partes.

1. A seleção

Inicialmente, preenchi um formulário com meus dados, e tive que enviar um vídeo de até 1:30 para explicar quem sou e porque quero entrar no programa.

Não me lembro muito bem de como foi, mas lembro que tinha um monte sobre experiências passadas com liderança. Todo esse negócio de liderança e de questionários com perguntas vagas já me deixou meio mal, porque minhas experiências de liderança foram principalmente pela internet, e o questionário pareceu bastante esquema de entrevista de emprego, sendo que estes são geralmente feitos para eliminar pessoas sem certo perfil psicológico. Ugh.

Lembro que demoraram um tempão para dar qualquer resposta sobre o questionário. Mas eventualmente me convidaram para a próxima fase da seleção, que se não me engano foi por Skype. Foi uma entrevista, que tinha perguntas específicas a serem respondidas, especialmente para elaborar sobre minhas experiências. Uma das perguntas falou sobre experiências com algum dos valores (acho que) da TODXS, e essa pergunta me ferrou, porque eu não sabia o que falar. Demorei um tempão e falei algo que acho que nem tinha tanto a ver com o valor que escolhi falar sobre, e aí tive certeza que já era pra mim; entrevistas de emprego são a maneira mais efetiva de manter pessoas como eu fora de empresas.

Mas talvez minhas experiências e sonhos fossem suficientes para me aceitarem, ou talvez não liguem tanto para o padrão empresarial quanto parecem ligar, ou talvez as outras pessoas que se candidataram tivessem ido bem pior. De qualquer forma, menos de uma semana depois (até onde me lembro) já recebi um e-mail dizendo que eu fui aceite no programa, com instruções posteriores sobre os workshops. No mesmo dia foi criado um grupo no WhatsApp com as outras pessoas do programa.

2. Primeira fase

Acredito que a primeira fase do programa tivesse o objetivo de dar uma formação básica sobre ativismo e identidades LGBTQIAPN+.

A cada duas semanas, nos domingos à noite, tínhamos que estar em uma conferência em vídeo com ume palestrante que falaria sobre interseccionalidade, movimento LGBT+, movimento gay, movimento lésbico e bi, movimento trans, e talvez mais alguma coisa que eu tenha esquecido. Todos os workshops tinham leituras obrigatórias e opcionais, sendo que as leituras não chegavam a ser mais do que, digamos, 10 páginas cada.

A cada duas semanas, nos domingos que não tínhamos workshops, tínhamos que entregar algum trabalho (chamado de desafio), que geralmente tinha a ver com nossas experiências, e às vezes com alguma imagem/vídeo que tínhamos que comentar sobre. Os desafios eram feitos em grupos de algumas pessoas, que eram escolhidos pelo time da TODXS.

2.1. Os workshops

Os workshops geralmente eram de pessoas bem preparadas em relação ao assunto, mas houveram diversos problemas com o som, provavelmente porque não testaram antes se as pessoas tinham experiência com videoconferência, e equipamento adequado para isso. Muitas pessoas também não sabiam como ver o chat e dar suas aulas ao mesmo tempo, e aí eu não sei o quanto tem a ver com não poder ou com não conseguir.

O Zoom é uma ótima plataforma em certos aspectos. É possível escolher rapidamente qual o microfone e áudio que você quer usar dentro da conferência, e conseguimos fazer algumas dinâmicas de grupo interessantes porque é possível dividir a conferência em várias salas temporariamente. Mas colocar o chat junto à transmissão é bem chato e difícil, o sistema de mensagens privadas não é intuitivo e, mesmo com mais de um monitor, não dá pra ver todo mundo ao mesmo tempo, porque o menu com os vídeos de todas as outras pessoas não expande muito. Nada que prejudique demais a experiência, mas incomoda um pouco.

Os assuntos dos workshops também incomodaram. O primeiro workshop era de interseccionalidade, e embora eu entenda que esse seja um conceito do feminismo negro, acho que poderia ter uma negra LGBTQIAPN+ também falando sobre intersecções com suas identidades LGBTQIAPN+. Ume colega do programa deu a sugestão de ter uns 2 ou 3 workshops sobre interseccionalidade, com pessoas de intersecções diferentes, para que intersecções com tamanhismo, capacitismo, cissexismo, diadismo, heterossexismo, alossexismo, exorsexismo, etc. pudessem ser cobertas também.

Houve um workshop exclusivo sobre movimento gay obrigatório sendo que tivemos workshop sobre movimento LGBT+ no workshop anterior. Por ser a mesma pessoa cobrindo os dois assuntos, que não tinha tempo de fazer dois workshops, os workshops sobre movimento lésbico e bi tiveram que ser condensados no mesmo. O workshop trans foi legal, mas parou por aí: o workshop intersexo foi opcional, o queer também seria mas não chegou a acontecer, diversas pessoas pediram sobre não-binariedade e também não teve nada.

Com a quantidade de comentários ignorantes sobre ser assexual, sobre o espectro assexual, e sobre identidades não-binárias que houveram no grupo do WhatsApp, a falta de preocupação da equipe em cobrir esses assuntos foi preocupante.

Também acho que não preciso falar o quanto não teve nenhum incentivo para aprender sobre algumas identidades básicas, ou para compartilhar experiências sobre as próprias identidades de cada pessoa. Aliás, eu até vou falar sobre isso nos desafios, mas antes quero fazer mais uns apontamentos:

- Para o workshop de identidade lésbica e bi, os três textos obrigatórios eram sobre a comunidade lésbica, e o opcional era sobre a comunidade "LGBT" em geral;
- Os textos lésbicos tinham muita retórica radfem embutida, que não foi refutada em nenhum texto e nem no workshop;
- Eu perguntei sobre aceitação de mulheres trans na comunidade lésbica, e a pessoa dando o workshop disse que qualquer pessoa que se diz mulher é aceita nesses espaços;
- Ninguém falou em exclusionismo, atual (QIAPN) ou histórico (LBT) em nenhum momento, até onde me lembro;
- Pessoal da TODXS me pediu uma lista de leituras para que pudessem ser mais inclusives no futuro. Eu fiz a lista, não obtive nenhum retorno. Ok que a lista é longa, mas não tive nem um "eu quero ler mais sobre isso, onde acho?" ou "eu queria aprender mais sobre isso, pode explicar?" ou "não tem nada sobre (insira identidade aqui)?", então... yeah.

2.2. Os desafios

Geralmente tínhamos uma semana para fazer os desafios, mas às vezes tivemos mais tempo.

O grande problema dos desafios é lidar com pessoas com agendas totalmente diferentes que precisam conversar para entrar em algum consenso. Para es futures embaixadories, recomendo fazerem os grupos o mais cedo possível e trocarem ideias o mais cedo possível, sem se importar tanto com o quanto não é tão legal fazer algo sem videoconferência ou chat direto. Se precisarem de uma mídia mais estática, usem e-mail; se precisarem escrever no computador, deixem de preguiça e usem o WhatsApp Web ou façam um grupo no Skype/Discord/etc.

Embora os assuntos dos desafios fizessem com que as pessoas tivessem que pesquisar sobre alguma identidade e trocar experiências com pessoas de identidades diferentes, eu não sei se os desafios foram muito efetivos. Não havia nenhum compromisso para ver os trabalhos des colegas, e algumas vezes estes trabalhos estavam relativamente incompletos, ou não eram feitos.

Os desafios também muitas vezes vinham de um ponto de vista mais para o lado de certas identidades/experiências. Uma apresentação de 2 páginas ou de 10 minutos parece razoável se estamos falando de "quais as leis que protegem contra discriminação anti-LGBT+", mas não tanto se estamos falando de "o que é gênero, quais gêneros existem, como gênero funciona, como não ser cissexista, quais são os preconceitos que pessoas trans/não-binárias sofrem?". Uma pergunta do tipo "quando você saiu do armário" parece indicar que é só você decidir que vai se abrir sobre sua identidade que todo mundo automaticamente vai saber dela e te reconhecer como ela.

O que ficou pra mim é que os desafios só funcionam se os grupos escolhidos tiverem alguma sinergia entre si, ou:

- Uma pessoa vai se esforçar para fazer um bom trabalho, sendo que não vai ter comentários nem des colegas de grupo que querem acabar com isso logo nem dos outros grupos que não vão ver o trabalho;

- O grupo criado vai ser um porre, o trabalho final vai ficar ruim, e o que vai acontecer vai ser só uma insatisfação geral por não ter feito um bom trabalho, ainda que não tenha nenhuma consequência real por conta disso.

Tipo... as pessoas do grupo vão ser as únicas preocupadas com a qualidade do trabalho, então são as únicas que vão ter que pesquisar, aprender e ensinar. Então... sei lá. Se possível, conversem com aquela(s) pessoa(s) que não sabem nada do assunto e não sabem o que dizer. Para ao menos o grupo inteiro ter um bom conhecimento sobre o assunto, já que o resto não vai dar bola.

3. Segunda fase

A segunda fase foi parecida com a primeira fase, em relação a workshops e desafios. A diferença é que os workshops foram lições básicas sobre fazer projetos e empreendedorismo, enquanto os desafios eram para dar forma aos nossos projetos.

Eu acho que teve um baque bem forte quando a segunda fase começou, porque desde a inscrição não houve quase nenhum lembrete de que teríamos que elaborar projetos para ganhar o certificado. E aí os desafios começaram a ficar estranhos, porque o primeiro é vago demais para quem já tem um projeto, mas os outros são específicos demais para quem não tem um projeto. De qualquer forma, acho melhor já ter um projeto antes do que não ter nenhum.

Também tem a possibilidade de fazer um projeto com outra pessoa, ou de fazer seu projeto e ajudar outra pessoa.

Os workshops também não ajudaram muito algumas pessoas. Acho que funcionam mais como revisão (se você teve aulas de empreendedorismo/administração em algum lugar) do que como aulas por si só. Mas os desafios não são difíceis e a equipe da TODXS fica disponível pra consulta, então não acho que tenha tanto problema.

4. A conferência

Fora algumas pessoas que conseguiram bolsa, todo mundo teve que pagar a própria passagem para São Paulo. Há um baita incentivo para que todo mundo durma no hostel, o que é legal pela convivência e pela disponibilidade (a programação foi quase inteiramente no hostel), mas não é legal porque lol é um hostel.

O que significa estar num quarto com outras pessoas, que não necessariamente vão dormir/acordar nos mesmos horários, ou que vão querer a mesma temperatura no quarto. O que significa ter que acordar cedo se quiser garantir banheiro disponível. O que significa ter que levar tudo para o banheiro e depois levar tudo de volta pro quarto. O hostel ficou basicamente pra gente, então não houveram problemas com segurança ou com divisão dos quartos por gênero. O hostel também só possui banheiros neutros.

Disponibilizaram comida vegana/vegetariana para quem pediu, mas acho que não precisava agir como se só as pessoas que não fossem comer carne iriam preferir as opções sem carne, lol.

Quanto à programação, não sei o quanto mudou por conta do ENEM, mas... sei lá, acho que tem coisas ali que podiam ter dado em workshops, e que as pessoas estariam bem mais dispostas a ouvir e a aplicar em seus projetos se fossem aprendidas antes. Houveram algumas dinâmicas de grupo que eu entendo serem ao vivo, mas que também deveriam ter sido feitas antes de todo mundo já ter preparado seu projeto. Idk.

As saídas com o pessoal foram legais, as dinâmicas e os workshops também, mas acho que daria para tirar algumas das coisas da programação, ou colocar elas antes, e dar mais liberdade pro pessoal passear pela cidade.

A conferência em geral foi bem tranquila, não teve nenhuma grande pressão para ter que acompanhar o grupo nas saídas, para treinar pitches, para participar do show de talentos, ou para participar da oficina opcional de drag. É ruim dormir pouco, mas dá pra aguentar bem com toda a adrenalina.

A apresentação em si foi complicada pela falta de tempo/recursos (4 minutos/10 slides), mas teve bastante gente que conseguiu ir bem.

Para a próxima fase, que ainda não começou, três dos projetos vão ser selecionados para ter um suporte mais específico para cada projeto, além de cada um deles receber um investimento de R$ 1500. Não é praticamente nada para um projeto social, mas ao menos é alguma coisa.

(Tipo, sério. A mentoria e o programa em si são ótimas preparações, e eu entendo que o dinheiro depende de patrocinadories enquanto o trabalho é voluntário, mas a não ser que você queira construir um site usando layouts de graça e pagando mal/não pagando quem for escrever, é pouca grana. Se seu projeto precisa de viagens, de lugar físico, de publicação, etc., não é o suficiente. Não estou reforçando isso porque alguém está dizendo que esse dinheiro é suficiente, mas sim porque se você quiser aplicar um projeto por meio desse programa, não é "só" ganhar o edital.)

5. Conclusão/Resumo

Eu NÃO recomendo esse programa se você espera:

[ul][li]Workshops profundos que podem substituir leituras de bons textos sobre a comunidade LGBTQIAPN+;[/li]
[li]Poder aprender, ensinar ou ter discussões profundas sobre identidades e opressão anti-LGBTQIAPN+;[/li]
[li]Pouco trabalho. Você vai ter que fazer os desafios e preparar o projeto;[/li]
[li]Uma comunidade completamente diversa e inclusiva em relação a identidades LGBTQIAPN+, onde é possível achar pessoas de vários gêneros e orientações diferentes.[/li][/ul]

Eu recomendo esse programa se você espera:

[ul][li]Uma base básica para aprender a fazer um projeto;[/li]
[li]Uma comunidade que vai ter ao menos alguma diversidade de experiências, onde é possível conhecer e conversar com pessoas com outras vivências;[/li]
[li]Achar alguém para contribuir com seu projeto, desde que seja possível contribuir à distância;[/li]
[li]Fazer contatos LGBTQIAPN+ em outros estados.[/li][/ul]

Caso você tenha conseguido acesso a este tópico de outro lugar: estou falando de uma perspectiva em relação ao Orientando, um espaço onde é possível discutir sobre identidades, discriminações, representações, etc. Obviamente um espaço com uma seleção como a do programa Embaixadorxs vai ter certa variedade de experiências e certo conhecimento sobre discriminação em comparação a espaços "LGBT" quaisquer, mas o Orientando atrai muito mais pessoas de orientações/gêneros "rejeitades", é um espaço muito mais aberto a discussões profundas e é mais intolerante em relação a hetero/di/cissexismo do que um grupo que não recebe nenhuma preparação para lidar com identidades que não são as suas.